Passo 1: Reconhecendo nossas necessidadesReconhecemos o vazio espiritual de nossas vidas e admitimos nossa impotência através de nossa própria força para corrigir nossas falhas pessoais.
O que temos não é suficiente; se fosse, nunca aspiraríamos algo. A alma tem uma fome intrínseca que as coisas materiais não podem saciar e que sabe-se incompleta à parte de Deus. A variedade multiforme e as obrigações imaginárias da vida oferecem distração contínua, e freqüentemente a tragédia em solidão nos trazem face a face às mais profundas necessidades de nossa alma, impelindo-nos à procura de ajuda mais além.
Filosofias, vantagens, emoções, ambições e vaidades constrangem nossas mentes, todas clamando serem ouvidas, todas dizendo: Eu sou o que você realmente necessita, mas cujo sabor, depois de provadas, é pouco expressivo. Intimamente, sabemos do que precisamos - de Quem precisamos - pois quando diminui o constrangimento, o eu interior grita: Isso é tudo? E deitamos sozinhos à noite, ponderando. O reconhecimento e os tesouros do mundo te acenaram mas, para que? A pretensão vazia de respeitabilidade de seda de nossas máscaras públicas do eu são um buraco insondado de medos maníacos e concupiscências semi-destruídas, escassamente cobertas sob o gramado cuidadosamente tratado, de nossas mansões com fachada de colunatas.
Aflitos, desafortunados, angustiados ou atribulados, a insuficiência obviamente nos impele a olhar mais além de nós mesmos em busca de força. Mas por que não evitar o sofrimento, armazenando provisões antes da chegada das tempestades de inverno, quando o gelo bloqueia o porto e a busca é difícil? Por que não encher nossas despensas com provisões de subsistência, que igualmente necessitamos agora?
Quem não esteve prisioneiro de sua própria rabugice? Quem nunca se sentiu marchando à força, de passos travados, descendo por caminhos inóspitos, dirigido por incontinências obscuras, temendo terminar onde detesta? A fenda das furnas proibidas — o menor passo em falso nos leva carreira abaixo, de encontro às suas paredes dilacerantes. Mas poucos procuram ajuda até que estejam convencidos de que não conseguirão atingir o porto sob a força de sua própria embarcação, com os pés na ponte de comando e as mãos no leme. Com muita freqüência, primeiramente naufragamos, arrebatados pelo frio cortante enquanto nosso navio de sonhos vai a pique sob as águas insensíveis.
É natural querermos que todas as nossas expectativas pessoais e sonhos sejam satisfeitos, mas tal pode não acontecer. Uma embarcação com milhares de almirantes, cada qual com seu plano em separado, maltrata a si própria e perde a guerra. O melhor é que haja na direção Alguém que conheça nossos rumos melhor que nós próprios, e em quem finalmente encontraremos nosso bem supremo. Porém, enquanto nossas metas pessoais imperam supremas, e nossos próprios métodos parecem suficientes, não somos impelidos a procurar a vontade de Deus. A vida deve, então, nos ensinar as lições que nos recusamos a aprender por vontade própria.
O caminho espiritual começa quando procuramos primeiramente o sentido da vida e nosso lugar nela. Deus anela por fazer-se conhecido para nós, mas não se intromete se não for convidado; é necessário que nos cansemos do vazio. Se as circunstâncias forem muito confortáveis, talvez apenas a tragédia possa nos livrar e nos fazer sentir incomodados com as coisas como elas estão, e nos ajudar a reconhecer de quão pouco somos capazes, por nós próprios, de avaliar nosso mundo.
Referências do Livro de Urantia:
O Pai não se oculta espiritualmente, mas muitas de suas criaturas ocultaram-se nas brumas da obstinação de suas próprias decisões e, pelo momento, separaram-se da comunhão com seu espírito e com o espírito de seu Filho, mediante a escolha de seus próprios caminhos de perversão e o auto-consentimento com a arrogância de suas mentes intolerantes e suas naturezas não-espirituais. 5:1.10
As chaves do reino do céu são: sinceridade, mais sinceridade, e mais sinceridade. Todos os homens possuem estas chaves. Os homens as usam — avançam em estado espiritual — pelas decisões, mais decisões e por mais decisões. 39:4.14
O crescimento espiritual é, em primeiro lugar, o despertar das necessidades e, em seguida, o discernimento dos conteúdos e o descobrimento dos valores. 100:2.1-2
Este homem, Ganid, não estava sedento de verdade. Não estava insatisfeito consigo mesmo. Não estava pronto para pedir ajuda, os olhos de sua mente não estavam abertos para receber a luz para a alma. Este homem não estava maduro para a colheita da salvação; há que dar-lhe mais tempo para que as provas e dificuldades da vida o preparem para receber sabedoria e conhecimento superior. 132:7.2
Somente os que se sentem pobres de espírito têm sede de retitude. Somente os humildes buscam a fortaleza divina e anelam o poder espiritual. 140:5.8
[Jó] ascendeu às alturas espirituais nas quais podia dizer com sinceridade: "eu me aborreço"; e então lhe foi dispensada a salvação por uma visão de Deus. 148:6.3
Nunca hesite em admitir o fracasso. Não faça nenhuma tentativa de esconder o fracasso sob sorrisos ilusórios e otimismo radiante. Sempre cai bem alegar sucesso, mas os resultados finais são sempre assustadores. Tal técnica leva diretamente à criação de um mundo de irrealidade e ao impacto inevitável da desilusão definitiva.
O sucesso pode gerar coragem e promover confiança, mas a sabedoria vem somente através das experiências de adaptação aos resultados do fracasso desse alguém. Os homens que preferem ilusões otimistas à realidade jamais poderão se tornar sábios. Somente aqueles que encaram e se adaptam aos ideais podem alcançar a sabedoria... As almas tímidas, que apenas conseguem manter a luta da vida por meio de contínuas falsas ilusões de sucesso, estão destinadas a sofrer o fracasso e a experimentar frustração quando finalmente despertarem do mundo de sonhos de suas próprias imaginações. 160:4.7-8
O que vos digo está bem ilustrado por dois homens que foram orar no templo, um fariseu e outro publicano. O fariseu esteva em pé e orou para si mesmo: "Deus dou graças porque não sou como os demais homens, que são extorsivos, ignorantes, injustos, adúlteros ou ainda como este publicano. Eu jejuo duas vezes por semana; dou dízimos de tudo o que ganho". Mas o publicano, parado à distância, nem sequer se atreveu a levantar os olhos ao céu mas sim, batendo no peito, disse: "Deus, tem compaixão deste pecador". 167:5.1
Os homens e mulheres egoístas francamente não querem pagar este preço, nem mesmo para conseguir o maior tesouro espiritual jamais oferecido ao homem mortal. Somente quando o homem houver se desiludido suficientemente das tristezas e desencantos que acompanham a busca insensata e enganosa do egoísmo, e houver descoberto posteriormente a esterilidade da religião formalizada, estará disposto a se voltar de todo o coração ao evangelho do reino, a religião de Jesus de Nazaré. 195:9.7
Passo 2: Acreditando em DeusViemos para acreditar em Deus, e isso a fim de que ele habite em nós como Pai espiritual e amigo amoroso.
Sem Deus no céu, nem a terra nem o que nela vive possuem significação alguma. Mas, onde ele está para que possamos acreditar nele? Onde estava tu, Pai, todos estes anos de desconhecimento, quando o procurávamos mas não o encontrávamos? Estavam nossos corações por demais viscosos com as futilidades da vida que falhamos na procura séria? Esperastes até que nossas dúvidas se esvaziassem, até que a turbulência de nossos pensamentos centrados em nós mesmos se acalmasse para revelar o lugar onde sempre estivestes?
Encontramos a ti em nossos corações, desde que em ti acreditemos e a ti amemos. Tu flutuas acima das nuvens; conheces nossos modos e o porquê, e anelas por conversar conosco, vossos filhos. Sentimos tua presença ao nosso lado ao caminharmos na trilha da montanha porém, conhecer-te verdadeiramente, apenas no silêncio de nossas almas.
É possível que nosso momento de ter travado conhecimento contigo tenha sido como um relâmpago caindo sobre o carvalho solitário numa colina batida pelo vento, ou pode ter brotado aos poucos, como a névoa emanada de um lago montanhoso. Deus falou a Paulo através da luz e da cegueira; a outros, tão suave quanto as últimas folhas do outono caem na neve recém-chegada. A presença de Deus está no ar que respiramos e em cada raio refletido das estrelas mas, até que o encontremos em nossas almas, os mensageiros da natureza nos trazem minguados significados.
O Deus dos universos vive em glória inescrutável mas seu segundo lar é no coração do humilde. Até que o conheçamos, o Pai mora onde a escuridão cobre o inconsciente, desapercebido como o vôo das pombas sobre um campo abandonado. Mas, contempla! Sua presença — na sombra de nossa chegada, atrás da porta, longe das confusões da vida, disponível todo o tempo, em todo lugar, aos que o procuram. Na mente calma, atenta, sentimos seu espírito, que sempre labora por amor. Seus braços nos protegem contra os terrores da noite, e seus lábios tocam nossas faces com um beijo matinal. Sua canção de amor vagueia com o sol da manhã e nos saúda pelo dia que se aproxima.
Crer em Deus abre caminhos de fé através dos quais verte a energia universal para curar nossas emoções, reacender nossas esperanças e alimentar nossas almas. A força do mais além penetra em nossas vidas : exuberante, força transbordante onde dantes somente suspeitávamos vagamente. As nuanças da vida registram então nova textura, brilho e sentido como os modelos de propósito eterno revelam a si mesmos na trivialidade. Eventos que anteriormente desmoronavam-se como clamores ao acaso, a perspectiva agora sugere a intercessão coordenada de uma mão amorosa de Pai. Estamos aprendendo a agir de acordo com nossas crenças espirituais e a apreciar fazer o que é correto e, quando o fazemos, a verdade é revelada e vemos a face de Deus.
Dentro de nossos corações aumenta a convicção de que Deus tem uma tarefa para nós, algo importante, um papel único no drama universal o qual elevará espiritualmente todo coração exausto na imensa criação. Anelamos por estar nesta tarefa, por ouvir e por atender aos alvitres do Diretor Supremo. Conhecemos nossos defeitos soberbos tão bem quanto a letargia, mas também sabemos Quem é o Todo-Poderoso cuja grandeza absorve todas as nossas carências. Criador, faça com que respondamos à sua direção benevolente.
Referências do Livro de Urantia:
O amor do Pai distingue de forma absoluta cada ser pessoal como filho único do Pai Universal, uma filho ímpar no infinito, uma criatura de vontade, insubstituível em toda a eternidade. O amor do Pai glorifica a cada filho de Deus, iluminando a cada membro da família celestial, perfilando nitidamente a natureza singular de cada ser pessoal frente aos níveis impessoais que se encontram fora da via fraterna do Pai de todos. 12:7.9
Mas não podeis estar tão absolutamente seguros da realidade de outro ser como podeis estar da realidade da presença de Deus que vive dentro de vós. 16:9.4
Assim pois, pode-se observar que os anseios religiosos e os impulsos espirituais não são de natureza tal que meramente conduzam os homens a querer crer em Deus, pelo contrário, são de uma natureza e poder tais que os homens estão profundamente marcados pela convicção de que devem crer em Deus. O sentido de dever evolutivo e as obrigações conseqüentes à iluminação da revelação produzem uma impressão tão profunda sobre a natureza moral do homem que este chega por fim à situação da mente e à atitude da alma na qual conclui que não tem o direito de não crer em Deus. A sabedoria mais elevada e supra-filosófica de tal indivíduo disciplinado e esclarecido o elucida, em último termo, que duvidar de Deus ou desconfiar de sua bondade equivaleria a falsear a coisa mais real e profunda dentro da mente e da alma humana: o Modelador divino. 101:1.7
Deus é tão real e absoluto que não se pode oferecer sinais materiais de prova nem demonstrações dos assim chamados milagres como testemunho de sua realidade. Sempre o conheceremos porque nele confiamos, e nossa crença nele embasa-se totalmente em nossa participação pessoal nas manifestações divinas de sua realidade infinita.
O residente Modelador do Pensamento infalivelmente estimula na alma do homem uma autêntica sede de perfeição juntamente com uma imensa curiosidade que pode ser adequadamente satisfeita tão somente pela comunhão com Deus, a fonte divina deste Modelador. A alma sedenta do homem se nega a satisfazer-se com algo que seja menos que a realização pessoal do Deus vivo. 102:1.5-6
De Deus, a mais inevitável de todas as presenças, o mais real de todos os fatos, a mais viva de todas as verdades, o mais amoroso de todos os amigos e o mais divino de todos os valores, temos o direito de estar mais certos que de qualquer outra vivência no universo. 102:7.10
Muito freqüentemente, os homens olvidam que Deus é a maior experiência na existência humana. Outras experiências estão limitadas em sua natureza e conteúdo, mas a experiência de Deus não tem limites, exceto os da capacidade de compreensão da criatura e esta mesma experiência é, em si própria, ampliadora da capacidade. Quando os homens buscam a Deus, estão procurando por tudo. Quando encontram a Deus, encontram tudo. 117:6.9
Durante a permanência em Amatus, Jesus passou muito tempo com os apóstolos, instruindo-os sobre o novo conceito de Deus; muitas vezes lhes repetia que Deus é um Pai e não um contador supremo, fundamentalmente ocupado em assentar nos livros os pecados e o mal de seus filhos extraviados na terra, computando suas maldades para, na seqüência, usá-las contra eles no julgamento, como Juiz justo de toda a criação. 141:4.1
"E tu Tomé, que disseste que não crerias a menos que me visses e pusesses o dedo nas chagas dos cravos em minhas mãos, agora me contemplastes e escutastes minhas palavras; e ainda que não vejas chagas de cravos em minhas mãos, posto que ressuscitei numa forma que tu também terás quando te fores deste mundo, que dirás a teus irmãos? Reconhecerás a verdade , já que em teu coração começastes a crer mesmo quando tão resolutamente afirmaste tua descrença. Tuas dúvidas, Tomé, sempre insistem de maneira mais obstinada no momento exato em que estão por se esvaecer. Tomé, rogo-te que não sejas incrédulo mas sim crente e eu sei que tu crerás, e ainda com todo o teu coração." 191:5.4
Passo 3: Aceitando a graça de DeusReconhecemos que não podemos produzir reações espirituais à vida na ausência do poder divino, tendo em vista que todas as qualidades espirituais são dons de Deus que não podemos adquirir mas que podemos aceitar livremente.
A graça de Deus pode ser comparada com o vento que sopra onde quer mas cuja fonte não é segredo. Todas as boas coisas descendem do Pai de misericórdia e, até que nos apercebamos disto, lutamos contra a vida com espada curta e capacete batido. Não podemos alcançar metas espirituais através do desamparado poder humano — Deus sozinho nos leva consigo além de nossas limitações para a auto-realização. Encontramos plenitude no relacionamento, e Deus encontra outro filho, quando aceitamos o espírito divino que nos foi dado para morar em nossas mentes.
A graça de Deus é o depósito de nossas possibilidades, do qual despontam os dons e os talentos que excedem nossas capacidades humanas. Seu bálsamo curativo supera nossos obstáculos mentais, emocionais e espirituais; seu poder que remove montanhas abre novos caminhos de realização na selva confusa de nossas vidas.
Através da graça encontramos a Fonte de vida; através da graça, somos encorajados ao alcance; através da graça, aprendemos a amar. A graça nos convence de que uma Deidade onisciente e toda-poderosa tem assumido a responsabilidade do nosso bem-estar, a segurança daqueles que amamos e o sucesso das tarefas que empreendemos com fé. Deus possibilita que nossas ações com fé sejam inabaláveis e resolutas, afiançadas como o são pela confiança em sua soberania. Em nossa capacidade humana somos fracos, hesitantes, temerosos, penosamente cônscios de como é frágil e incompleto nosso lamentável estoque de coragem e sabedoria, mas a graça nos tem dado o poder de seguir adiante, agentes de um Ser com poder ilimitado para agir em nós e através de nós. O Pai guia nossos passos e mesmo que não compreendamos bem seus objetivos — posto que o fazemos pela fé — ele adapta os erros parciais em experiências que aproveitam tudo.
Nossas novas direções espirituais são infalivelmente consistentes com o que, no fundo de nós, sempre soubemos que é a verdade. Viver a verdade que brota de dentro de nós tem-nos libertado da escravidão da conformidade aos padrões convencionais de pensamento e ação. Somos impelidos pelo espírito de Deus e não pelas formas externas ou pelos costumes da humanidade. Nossa nova vida é um dom de Deus que não é adquirido pela moeda humana ou pelo auto-sacrifício, pela auto-ajuda ou pelo pensamento positivo. Compromisso, na prática, torna-se fé, um canal através do qual Deus derrama a paz interior que por si só faz com que a vida mereça ser vivida.
A graça nos ampara em todos os tentames; a graça nos dá forças quando estamos fracos; a graça nos conforta quando estamos descoroçoados. A graça provém do Construtor Mestre cujo desígnio eterno abarca tudo o que devemos ser ou fazer, todas as possibilidades para nossa consecução futura.. Deus nos supriu com a vida mesma, e à parte dele estamos privados, abandonados e sem valor. Deus conhece nossos nomes e o rumo que trilhamos e nos leva pela mão através do solo da existência humana.
Nós te agradecemos, Pai, por nos dar nossas vidas, por todas as várias circunstâncias que constituem esse ambiente terreno, e pelo eterna oportunidade de tal arranjo. Dá-nos coragem para agir em sua graça e que nossas vidas sejam proveitosas para nós mesmos e para nosso mundo.
Referências do Livro de Urantia:
A consciência de uma vida humana vitoriosa na terra nasce da fé da criatura que ousa enfrentar cada fato que se repete na existência, defrontando o impressionante espetáculo das limitações humanas mediante a infalível declaração : Mesmo que eu não possa fazer isto, em mim vive quem possa fazê-lo, uma parte do Pai-Absoluto do universo dos universos. E essa é "a vitória que venceu o mundo, vossa própria fé." 4:4.9
Este pacto de Melquisedeque com Abraão representa um grande acordo em Urantia, entre a divindade e a humanidade, no qual Deus acorda fazer tudo; o homem acorda tão só crer nas promessas de Deus e seguir suas instruções. 93:6.4
A única contribuição do homem para o crescimento é a mobilização do total de poderes de sua personalidade - a fé viva. 100:3.7
Entre outras coisas, o Modelador implorou "que me conceda mais fielmente sua cooperação sincera, que tolere mais alegremente as tarefas de minha colocação, que conclua mais fielmente o programa de meu arranjo, que passe mais pacientemente as provas de minha seleção, que caminhe mais persistente e alegremente pelo caminho de minha eleição, que receba mais humildemente o crédito que possa se acumular como resultado de meus esforços incessantes - transmita esta súplica ao homem em quem habito." 110:7.10
"Pelo velho método buscais suprimir, obedecer e conformar-se às regras de viver; pelo novo caminho, primeiro sereis transformados pelo Espírito da Verdade e assim vossa alma se verá fortalecida pela renovação espiritual constante de vossa mente; deste modo estareis dotados da força para fazer com segurança e júbilo a vontade misericordiosa, aceitável e perfeita de Deus. Não olvideis : é vossa fé pessoal nas insuperavelmente grandes e preciosas promessas de Deus que vos assegura de que participareis da natureza divina." 143:2.4
É a bondade mesma de Deus o que conduz os homens a um arrependimento verdadeiro e genuíno. O segredo de vosso autodomínio está ligado à vossa fé no espírito residente, que sempre trabalha por amor. Mesmo a fé salvadora não provém de vós; é também dom de Deus. 143:2.7
Em toda oração, recorda que a filiação é um dom. Nenhuma criança tem que fazer nada para ganhar a condição de filho ou filha. O filho terrestre adquire o ser por vontade de seus pais. Da mesma maneira, o filho de Deus chega à graça e à nova vida do espírito por vontade do Pai no céu. Por conseguinte, o reino do céu - a filiação divina - deve ser recebida como uma criança pequena o faria. 144:4.3
"A salvação é dom do Pai, e é revelada por seus Filhos. Vossa aceitação mediante a fé vos permite compartilhar da natureza divina, ser um filho ou uma filha de Deus. Pela fé estais justificados; pela fé sois salvos; e pela mesma fé avançareis eternamente no caminho da perfeição progressiva e divina." 150:5.3
"Não podeis comprar a salvação; não podeis ganhar a retitude. A salvação é dom de Deus e a retitude é o fruto natural da vida que nasce do espírito de filiação no reino." 150:5.5
"Vede, pois, que o Pai concede a salvação aos filhos dos homens, e esta salvação é um dom a todos os que têm a fé necessária para receber a filiação à família divina. Não há nada que o homem possa fazer para merecer esta salvação. As obras de auto-retitude não compram o favor de Deus, as orações públicas não expiam a falta de fé viva no coração." 167:5.1
"É vossa fé que salva vossa alma. A salvação é o dom de Deus para todos os que crêem que são seus filhos. Mas não vos iludais; ainda que a salvação seja um dom gratuito de Deus e seja concedida aos que a aceitam pela fé, o que se segue é a experiência de render os frutos desta vida espiritual enquanto se vive na carne." 193:1.2
Passo 4: Admitindo nossas falhas
Reconhecemos e nos arrependemos sinceramente de nossas más ações, confessados estes erros a Deus e confiando num amigo com que se pode contar.
Sem a oportunidade de errar, as grandes lealdades nunca se desenvolveriam. "Sim, eu farei" seria algo sem sentido se esse alguém não pudesse ter dito "Não, eu não farei". A liberdade que Deus nos tem dado para viver e agir no mundo nos assegura que cometeremos erros e por outro lado o que aparenta ser um mar de liberdade seria uma miragem do deserto.
Mas, ao mesmo tempo, esses erros inevitáveis provenientes das escolhas imaturas nos neutralizam e nos oprimem com a culpa e a desconfiança de nós mesmos, tornando-nos prisioneiros do passado, e nos acusam perante nosso Criador. O desígnio de Deus para a vida neste mundo suscita a plena permissão para nossos erros; neste clima de liberdade, nossa imaturidade não admite nenhuma possibilidade para qualquer outro resultado. Através do alcance espiritual, entretanto, o Pai nos supre de certos meios para triunfar sobre as sombras da irrealidade, para nos desenvolvermos através dos problemas nascidos de nossas respostas acidentadas aos desafios da vida, por meio dos quais ganhamos a força, a convicção e a humildade que resultam da experimentação pessoal da vida em toda sua realidade e, algumas vezes, em sua aspereza.
O pecado, nunca acidental, requer nossa decisão premeditada de violar o que nós sabemos ser correto e à parte de tal pensamento ou ação intencional não há pecado. Nossa consciência pode nos acusar perante os costumes da sociedade, mas o pecado requer a deslealdade deliberada ao que há de mais alto e verdadeiro no coração e na alma humana: Deus mesmo.
O pecado nos separa da consciência equilibrada e feliz da presença de Deus e rompe nosso relacionamento com nossos semelhantes. Sentimo-nos culpados, desapontados conosco, retirados do mundo, com o prejuízo de sabermos fazer as coisas de modo correto e em dúvida sobre a nossa coragem ou habilidade de nos tirarmos do emaranhado de problemas provenientes de nosso próprio plano precipitado.
Uma vez cometido, para nos desprendermos de nossa complexa teia de enganos se requer mais que simplesmente desejar que ela se vá embora ou, mais insidiosamente, reprimir interiormente sua lembrança por entre frestas mentais que ulceram e insalubremente se rompem em algum momento de estresse futuro. A solução é a simples honestidade. A libertação da tirania do pecado e da culpa requer nossa coragem para confrontar e confessar cada erro que tivermos cometido: contra Deus, contra nós mesmos, contra os outros, por pensamento, palavra ou ato, sem desculpas ou atenuações. Devemos expô-los todos, todos de uma vez, aqueles pecados que parecem inconseqüentes assim como os maiores, e não mais nos sentiremos oprimidos pelo peso mortal de sua lembrança acusadora.
Os pecados que nos são mais desconfortáveis reconhecer são precisamente aqueles que apresentam perigo maior, e a confissão parcial não produzirá o fim que mais desejamos: a libertação dos erros de nosso passado e de nosso coração que Deus havia feito puro. Por essa razão, pesarosamente confessamos a Deus nossas más ações em todas as suas particularidades, não que ele não as tivesse percebido mas, mais propriamente, para definir os assuntos perante a luz plena de nossa consciência. Contamos ao Pai nossa determinação sincera de nunca mais cairmos em tais armadilhas novamente, e pedimos a Deus o perdão para cada um destes pecados para que sua presença debilitante seja expungida dos recessos de nossas mentes e de nossas lembranças.
A seguir, invocamos coragem para repetir tudo o que dissemos ao nosso Pai a um amigo ou conselheiro cuidadosamente escolhido, alguém que nunca trairia nossa confiança. Na hora estabelecida, contamos a história sob a luz que menos favorece a nós mesmos, evitando toda tentação de invalidar a confissão de nossa conduta repreensível através de desculpas extenuantes.
Nossa meta é a liberdade e a retidão e só pode ser atingida fazendo uma faxina de todos os passos em falso de nosso passado. Despido de pretensões, nosso passado é oferecido a Deus e agora nós nos humilhamos perante o mundo representado pelo amigo ou conselheiro ao qual contamos nossa estória. É sem contentamento que sacamos estes aspectos desafortunados de nosso passado, como uma empregada diligente limpa dos cantos escondidos a poeira e a desordem.
É com imensa dor que narramos estes pecados passados mas a plena exposição torna insignificante sua negra hegemonia. Desenterrados e expostos, despidos de sua pretensão de soberania, eles se dissolvem em sombras de fantasmas do nada. À parte do ressarcimento àqueles que nossas ações causaram dano, não devemos mais refletir sobre esses pecados passados pois assim fazendo apenas ressuscita seu poder pernicioso, enfraquecendo-nos por duvidarmos do perdão e da misericórdia de Deus. Nós confessamos nossos pecados e eles nos são perdoados; a atenção continuada aos seus cadáveres desfeitos somente nos envenena com seu odor enfastiado. No passado, ocultar estes pecados duplicava sua fascinação terrível. Expostos à luz do sol, sua influência sobre nós é solucionada sem causar mal algum somente se evitarmos a tentação da reminiscência destas experiências lamentáveis que causaram a nós e aos outros tanta dor.
Quando estamos em paz conosco, experimentamos paz com o mundo. Confessando, lançamos para fora o orgulho falso que nos constrange emocionalmente, impedindo-nos de perdoar aos outros ou de aceitarmos a nós mesmos. A confissão faz nascer um novo auto-respeito baseado num relacionamento restabelecido com Deus. Colocando as coisas direitas com Deus, tornamo-nos direitos conosco e com o mundo.
De tempos em tempos faremos coisas que nos farão descontentes conosco, mas através disso tudo o Pai continua a nos amar e a nos dar forças para superar essas lembranças pois não deixamos de ser humanos. A confissão nos desembaraça destes passos em falso, desnuda seu poder, remove toda mácula de nossas almas, tornando-nos limpos, inteiros, restaurados, revividos, puros de coração e livres para a vida que Deus planejou para nós.
Referências do Livro de Urantia:
Jamais, em tua ascensão ao Paraíso, ganharás algo tentando impacientemente iludir o desígnio divino estabelecido mediante atalhos, invenções pessoais ou outros artifícios para facilitar o avanço no caminho da perfeição, para a perfeição e com o intuito da perfeição eterna. 75:8.5
O pecado deve redefinir-se como deslealdade deliberada à Deidade. Existem graus de deslealdade : a lealdade imparcial da indecisão; a lealdade ambivalente do conflito; a lealdade moribunda da indiferença; e a morte da lealdade manifestada pela devoção a ideais ímpios. 89:10.2
A confissão do pecado é o repúdio viril da deslealdade, mas de forma alguma mitiga as conseqüências espaço-temporais de tal deslealdade. Porém, a confissão — o reconhecimento sincero da natureza do pecado — é essencial para o crescimento religioso e para o progresso espiritual. 89:10.5
A dotação da liberdade aos seres imperfeitos inevitavelmente vincula-se a tragédias, e é a natureza da perfeita Deidade ancestral compartilhar universal e afetuosamente estes sofrimentos em amoroso companheirismo. 110:0.1
E não lestes nas escrituras onde diz: "Ele olha os homens, e se algum disser : pequei e perverti o que era justo, e de nada me aproveitou, então Deus livrará a alma desse homem da escuridão, e ele verá a luz." 130:8.2
Põe fim à tua miséria odiando o pecado. Quando contemplares ao Magnânimo, aparta-te do pecado com todo o coração. Não te escuses pelo mal; não justifique o pecado. Por teus esforços por emendar-se pelos pecados passados adquirirás fortaleza para resistir às futuras tendências para pecar. A moderação nasce do arrependimento. Não deixes nenhuma falta inconfessada ante Magnânimo. 131:3.3
Se um homem reconhece o caminho do mal e sinceramente se arrepende do pecado, então poderá buscar o perdão; poderá libertar-se do castigo; poderá transformar a calamidade em bênção. 131:8.5
"Nosso Pai ama mesmo o malvado e sempre é bondoso com o ingrato. Se mais seres humanos pudessem conhecer tão só a bondade de Deus, certamente seriam levados ao arrependimento de sua má conduta e à renúncia a todos os pecados conhecidos." 131:10.4
E toda esta fé verdadeira está predicada na reflexão profunda, na autocrítica sincera e numa consciência moral intransigente. 132:3.5
"Muitas vezes, quando tivestes feito o mal, pensastes em culpar a influência do demônio em vossos atos, ainda que na realidade tivestes errado guiados por vossas próprias tendências naturais. Acaso não vos disse o profeta Jeremias, há muito tempo, que o coração humano engana-se sobre todas as coisas e, às vezes, é até desesperadamente perverso? Quão fácil é vos enganar a si próprios e assim cair em temores tolos, mergulhar na luxúria, nos prazeres escravizadores, malícia, inveja e ainda ódio vingativo! 143:2.5
Quando os homens crerem neste evangelho, que é uma revelação da bondade de Deus, serão conduzidos ao arrependimento voluntário de todo pecado conhecido. A compreensão da filiação é incompatível com o desejo de pecar. 150:5.5
O primeiro passo na solução de todo problema consiste em localizar a dificuldade, isolar o problema e em reconhecer francamente sua natureza e gravidade. O grande erro é que, quando os problemas da vida despertam nossos temores profundos, nós nos negamos a reconhecê-los. Do mesmo modo, quando o reconhecimento de nossas dificuldades requer a redução de nosso auto-conceito longamente acariciado, a admissão da inveja ou o abandono dos vícios profundamente arraigados, a pessoa comum prefere aferrar-se às suas antigas ilusões de segurança e aos falsos sentimentos de certeza longamente acariciados. Só uma pessoa corajosa está disposta a admitir honestamente, e a enfrentar sem temor, o que uma mente sincera e lógica descobre. 160:1.7
A devoção, para o fariseu, era uma maneira de induzir uma inatividade de auto-retitude e a confiança numa falsa segurança espiritual; a devoção, para o publicano, era uma maneira de estimular a alma à compreensão da necessidade de arrependimento, à confissão e à aceitação, pela fé, do perdão misericordioso. 167:5.2
Não ocorreu a Pedro que havia negado seu Mestre até o momento em que o galo cantou. Pedro não se deu conta de que havia traído seus privilégios de embaixador do reino até o momento em que Jesus o olhou.
Havendo dado os primeiros passos ao longo do caminho de compromisso e de menor resistência, nada restava a Pedro a não ser continuar com a conduta que havia eleito. Requer-se um caráter magnânimo e nobre para retomar o caminho reto depois de haver iniciado mal. Muitas vezes a mente tende a justificar o prolongamento pelo caminho do erro depois de entrar nele. 184:2.11-12
Ao considerar esta tragédia, concebemos que Judas desviou-se principalmente porque , acentuadamente, era uma personalidade que se isolou em si mesma, uma personalidade fechada e distanciada dos contatos sociais comuns. Persistentemente ele se negou a confiar em seus irmãos apóstolos e a fraternizar livremente com eles. 193:4.2
Judas se negou persistentemente a confiar em seus irmãos. Quando, pela acumulação de seus conflitos emocionais, se viu obrigado a buscar o alívio na auto-expressão, invariavelmente buscou o conselho e recebeu o consolo néscio de seus parentes não espirituais ou daqueles conhecidos casuais que eram não apenas indiferentes, mas verdadeiramente hostis ao bem-estar e progresso das realidades espirituais do reino celestial, da qual era um dos doze consagrados embaixadores na terra. 193:4.3
...[Judas] não gostava de falar de seus problemas pessoais com seus companheiros imediatos; negava-se a falar de suas dificuldades com seus verdadeiros amigos e com os que realmente o amavam. Durante todos os anos de sua adesão, não recorreu nem uma só vez ao Mestre com um problema puramente pessoal. 193:4.10
Passo 5: Perdoando aos Outros
Com a ajuda de Deus, perdoamos a toda e qualquer pessoa que nos tenha ofendido.
Imaginem a amargura de um mundo no qual ninguém perdoasse. Nos velhos tempos, a determinação na busca da vingança dominava a vida dos homens e o menosprezo imaginado levava à rixa por gerações seguidas. Aversões étnicas e religiosas ainda infestam nosso mundo, conduzindo-o a guerras insensatas nas quais todas as partes perdem. Orgulho mal dirigido, blasfêmia muitas vezes atribuída a deveres religiosos ocasiona ao homem atos totalmente contrários ao espírito da religião em nome da qual suas atrocidades são perpetradas.
Agora é nossa a oportunidade de quebrar estes ciclos amargos e libertar nossos irmãos do peso de suas culpas com o mesmo perdão pelo qual Deus nos deu um novo começo. O Perdão é uma força contagiosa que pode instantaneamente curar feridas há muito tempo infeccionadas naqueles com quem estamos em desafeto. Quando a ofensa nos fere profundamente, pode não parecer humanamente possível perdoar mas, mesmo então, a graça de Deus faz todas as coisas possíveis. Em tal caso, simplesmente perdoamos no grau que nos é possível, e pedimos ao Pai que mais tarde complete o processo.
Para nossa própria saúde espiritual é essencial que perdoemos. Se desejamos conhecer a plenitude do perdão de Deus, devemos perdoar àqueles que nos ofenderam. As duas ações são inseparáveis porque o ressentimento abrigado bloqueia o canal através do qual o perdão de Deus flui. O perdão de coração libera a divina energia que desagrilhoa nossas almas das amarras do mal. É chuva em colina estéril que faz com que flores dormentes floresçam; erradica tormentos tenebrosos e cura canceres devoradores em nossos corações ressentidos. O perdão quebra os grilhões que nos prendem aos nossos adversários num abraço indesejado, as cadeias forjadas que nos aprisionam àqueles que mais detestamos. Mesmo que nossos irmãos não possam corresponder de imediato, o perdão nos liberta da prisão emocional de sentimentos envenenados para com eles e assim podemos prosseguir em nosso caminho, em paz.
Perdoar injúrias é menos custoso do que se pode imaginar; ódio e ressentimento são apenas atitudes, não sangue ou osso. O perdão é de fácil alcance e somente a obstinação ou o orgulho podem nos impedir de apreciar seus frutos instantâneos de alcance espiritual. Como podemos hesitar em perdoar nossos irmãos quando Deus o repartiu conosco, tão generosamente, e quando toda a lógica nos diz que somos melhores assim fazendo? Que prazer mórbido existe em alimentar rancores que nos causam danos cada vez que nos referimos a eles, e que nos roubam a alegria que é nosso direito desde que nascemos?
Deus nos perdoou por amor, e nesta nova relação encontramos força para perdoar aos outros. No perdão reconquistamos nossos irmãos e reconquistamos a nós mesmos pela Fonte, em ondas, de toda restauração.
Conhecemos a vontade de Deus, e sabemos o que devemos fazer. Conhecemos a vingança pelos seus frutos assim como conhecemos o perdão. Devemos perdoar completamente cada um de nossos irmãos para que os ressentimentos não estejam à espreita dos nossos sonhos nesta noite, para que a culpa seja aliviada, as amizades restauradas e para que Deus retorne às nossas relações. Este é o dia que Deus nos deu para expulsarmos todo ciclo debilitante de vingança e ódio e, conforme tomamos a iniciativa de perdoar, seu nome permanece suavemente sobre nossas almas. No perdão o Pai revela seu nome, que é Amor. Libertamos nossos irmãos de seu peso e assim fazendo libertamos a nós mesmos. Nós nos livramos do aperto pegajoso das atitudes perversas e entramos no reino celeste de nosso Pai, onde todas as coisas que valem a pena residem. A liberdade do espírito que experimentamos em perdoar nos impulsiona para onde o olho não viu, nem o ouvido ouviu, para tudo aquilo que o Pai preparou para aqueles que o amam e que têm a coragem de seguir seu apelo benevolente.
O céu e a terra são seus, Pai benevolente. Ajuda-nos neste dia a colocar nossos casos em ordem para que possamos ficar livres para perseguir os seus. Dá-nos a coragem para fazer tua vontade neste mesmo dia.
Referências do Livro de Urantia:
"Eu vos digo: amai os vossos inimigos, fazei o bem aos que vos odeiam, bendizei aos que vos maldizem e orai pelos que vos ultrajam. E tudo o que credes que eu faria aos homens, fazei-o vós.
"Vosso Pai nos céus faz brilhar o sol sobre os maus assim como sobre os bons; do mesmo modo, ele envia a chuva sobre justos e injustos. Vós sois os filhos de Deus; mais ainda, sois agora os embaixadores do reino de meu Pai. Sede misericordiosos assim como Deus é misericordioso, e no futuro eterno do reino sereis perfeitos, assim como vosso Pai celeste é perfeito.
"Estais incumbidos de salvar os homens, não de julgá-los. Ao fim de vossa vida terrestre, todos vós esperareis misericórdia; por isso vos peço que durante vossa vida mortal mostreis misericórdia para com vossos irmãos na carne" 140:3.15-17
Ao demonstrar misericórdia, intentou ilustrar a libertação espiritual de todos os rancores, das mágoas, da ira e do desejo egoísta de poder e vingança. E quando disse: "Não resistais ao mal", explicou mais tarde que não significava tolerar o pecado nem fraternizar com a iniquidade. Pretendia mais ensinar a perdoar "a não resistir ao mau trato vindo de alguém, à injúria mal intencionada dirigida ao sentimento de dignidade pessoal." 141:3.8
Mesmo o perdão dos pecados opera desta mesma forma infalível. O Pai no céu tem perdoado a ti antes mesmo de haveres pensado em pedi-lo, mas tal perdão não é acessível em tua experiência religiosa pessoal até o momento em que perdoardes aos teus semelhantes. 146:2.4
"Senhor, quantas vezes pecará meu irmão contra mim e eu o perdoarei? Até sete vezes? Jesus respondeu a Pedro: "Não só sete vezes mas sim setenta vezes sete vezes mais. Assim, pois, pode-se comparar o reino do céu com certo rei que, certa vez, se pôs a fazer as contas com seus mordomos do palácio. E quando começaram a prestar contas, trouxeram ante sua presença o mordomo principal que confessou que devia a seu rei dez mil talentos. Porém, este funcionário da corte do rei queixou-se por estar passando um período difícil, e que não tinha recursos para pagar sua obrigação. E assim o rei ordenou que suas propriedades fossem confiscadas e que seus filhos fossem vendidos para pagar sua dívida. Este mordomo, ao escutar tão duro decreto, caiu de bruços ante o rei e lhe implorou que tivesse misericórdia e que lhe desse um pouco mais de tempo, dizendo "Senhor, tem um pouco mais de paciência comigo, e eu te pagarei tudo". Quando o rei contemplou este servo negligente e sua família, despertou-se sua compaixão. Ordenou que fosse libertado e que o empréstimo lhe fosse completamente perdoado.
"Este mordomo, tendo assim recebido a misericórdia e o perdão das mãos do rei, foi-se por seu caminho, e ao topar com um dos mordomos subordinados que lhe devia tão só cem denários deteve-o, segurando-o pelo pescoço, e disse-lhe: "paga-me tudo o que me deves". O subordinado caiu de joelhos ante ele, implorando: "tenha um pouco de paciência e logo poderei pagar-te". Mas este funcionário não soube mostrar misericórdia por seu subalterno, mas antes o lançou num calabouço até que pagasse toda sua dívida. Quando os demais funcionários viram o que havia ocorrido, tanto se afligiram que foram e relataram o fato ao seu senhor e mestre, o rei. O rei, ao ouvir sobre o comportamento deste mordomo, fez chamar a este homem ingrato e implacável ante sua presença e lhe disse: "eras um servo malvado e indigno. Quando buscavas compaixão, eu gratuitamente te perdoei, com toda tua dívida. Por que não tratas ao teu subalterno com misericórdia assim como eu te tratei com misericórdia?" Tão irado estava o rei que mandou entregar este servo indigno aos carcereiros para que o metessem num calabouço até que pagasse tudo o que devia. Assim, pois, meu Pai celestial mostrará a mais abundante misericórdia aos que gratuitamente mostram misericórdia aos seus semelhantes. Como podes implorar a Deus que tenha consideração por tuas imperfeições se castigas aos teus irmãos, culpáveis das mesmas debilidades humanas? Eu digo a todos vós : tendes recebido gratuitamente as coisas boas do reino; dai, pois, gratuitamente aos vossos semelhantes na terra." 159:1.4-5
Jesus ensinou que o pecado não é filho de uma natureza defeituosa mas, melhor, é o descendente de uma mente conhecedora dominada por uma vontade insubmissa. Sobre o pecado, ensinou que Deus tem perdoado; que nós podemos pessoalmente dispor desse perdão pelo ato de perdoar aos nossos semelhantes. Quando perdoas ao teu irmão na carne, crias desta maneira em tua própria alma a capacidade para receber a realidade do perdão de Deus por teus erros. 170:2.19
"Quando um homem sábio compreende os impulsos interiores de seus semelhantes, ele ama a estes semelhantes. Esta capacidade de compreender a natureza humana e olvidar seu erro aparente é divina.
"Vossa inabilidade ou má vontade de perdoar aos vossos semelhantes é a medida de vossa imaturidade, de vossa falha em alcançar a compaixão adulta, a compreensão e o amor. Sustentai rancores e alimentai vinganças em proporção direta à vossa ignorância da natureza interior e dos verdadeiros desejos de vossos filhos e de vossos semelhantes. O amor é a manifestação exterior do impulso divino e interior da vida. 174:1.4-5
Passo 6: Pedindo perdão aos outros
Sem considerarmos o custo emocional ou financeiro envolvido, pedimos perdão a todos os que ofendemos e fazemos o nosso melhor para reparar na íntegra à cada um deles, exceto onde assim feito poderia feri-los ainda mais.
Só raramente é suficiente admitir a algum amigo de confiança ou a um conselheiro, ou mesmo ao próprio Deus, que injuriamos alguém e parar por aí. Quase sempre, devemos nos aproximar da pessoa que ofendemos, reconhecer o que fizemos, dizer a ela o quanto sentimos, e então tentar endireitar a situação - retornar essa pessoa à sua posição anterior. A menos que retifiquemos a situação na extensão de nossas forças para assim fazê-lo, iludimos a nós mesmos imaginando que nosso arrependimento é genuíno.
Pedir perdão a Deus e parar por aí é ignorar as conseqüências reais de nossas lamentáveis ações - o dinheiro roubado, a injúria maliciosa à reputação dos outros, qualquer mal que tivermos causado. Este mundo material existe numa série contínua com o mundo espiritual; conseqüentemente, nossas ações devem validar o estado espiritual que aspiramos. Nossa profissão celeste é menos que sincera se negligenciarmos ou se evitarmos nossas obrigações terrenas para com os irmãos a quem que ofendemos.
Expressar nossa tristeza pode se tornar mais embaraçoso conforme o evento retrocede no tempo e em nossas lembranças, ainda que a necessidade de assim fazê-lo não se diminua. Pedir perdão é um ato de humildade, e o reconhecimento de fomos fracos, falíveis, medíocres ou irrefletidos. Pedir perdão clareia nossa consciência perante Deus, remove um obstáculo para a paz interior que buscamos, e restaura nossa relação com a pessoa que ofendemos.
Se o indivíduo que ofendemos aceitará nossas desculpas está além de nosso controle. Deus não exige que imploremos repetidamente para que nossas desculpas sejam aceitas, apenas que sinceramente peçamos perdão e que tentemos reparar. Além disso, nada mais pode ser feito.
Ao repararmos, deveríamos conceder todo o benefício da dúvida à pessoa que injuriamos. Por exemplo, se privamos alguém do dinheiro que lhe pertencia por direito, a honestidade exige seu retorno com interesse, e se nos é impossível devolver o dinheiro imediatamente, deveríamos fazer pagamentos regulares, não baseados em nossa conveniência mas sim consistindo de tudo o que podemos dispor, retendo apenas o que nos é necessário para nos mantermos, de forma a completar o reembolso.
Em certas situações, entretanto, pedir desculpas e reparar é provável que só piore as coisas. Um esposo ou uma esposa que confessasse infidelidade poderia marcar a memória do cônjuge com imagens que representam a permanência no casamento algo difícil ou impossível, e onde a traição foi cometida, um conselheiro legal pode ser oportuno. Com a ajuda de Deus, entretanto, todos estes erros podem ser negociados de maneira justa e igual tal que produza o bem maior e a libertação espiritual, sem levar em consideração as conseqüências terrenas que normalmente seguem na sucessão das ações desastrosas.
O esforço espiritual envolvido nas reparações nunca falha em produzir recompensas imediatas. Conforme nos despimos dos velhos temores, exaustivamente os confrontamos e finalmente rejeitamos as maldades de nosso passado, uma liberdade até então desconhecida precipita-se do alto. As cadeias do pecado passado perdem sua força e nos tornamos espiritual e emocionalmente livres de tudo o que nos tem limitado, e nos tornamos capazes de nos movermos para o futuro. Os erros do passado param de nos ameaçar pois não mais pertencem ao nosso ego verdadeiro, mas apenas o que costumávamos ser. Deus nos transforma; nosso passado é enterrado conforme nos movemos audaciosamente para nossa nova vida no reino.
Mostramos nossa dedicação ao reino ao corrigir as coisas com todos aqueles que ofendemos. Quanto mais assim fazemos, custando-nos o dinheiro que poderia nos causar desgostos gastando ou que poderia ter trincado o verniz frágil de uma reputação fictícia, mais provamos a profundidade de nosso compromisso com uma vida nova para a qual Deus nos chamou e nossa determinação de nada ficar entre nós e o espírito do Pai. A vida no reino não pode ser avaliada pelo dinheiro. O Mestre perguntou: "O que o homem daria em troca de sua alma?" Ao repararmos, somos guiados por uma lei superior e universal e nesse processo experimentamos um relacionamento mais profundo com Deus, que torna todas as coisas novas.
Referências do Livro de Urantia:
Mas Caim sabia que, como não portava marca tribal, seria morto pela primeira tribo vizinha que por acaso pudesse encontrá-lo. O temor e algum remorso o induzira ao arrependimento. Cain nunca antes havia sido habitado por um Ajustador, tendo sempre sido rebelde à disciplina da família, menosprezando a religião de seu pai. Porém, nesta ocasião acudiu a Eva, sua mãe, e lhe pediu ajuda e orientação espiritual; e quando ele honestamente buscou a assistência divina, um Ajustador habitou nele. 76:2.8
"Imploramos o perdão do Senhor por todas nossas transgressões contra nossos semelhantes; e desobrigamos nosso amigo do mal que nos fez."
"Quando te encontrares no erro, não titubeies em confessar teu erro e sejas presto para repará-lo." 131:9.3
"Nenhum mortal que conhece a Deus e que procura fazer a vontade divina poderá rebaixar-se participando da opressão mediante o poder da riqueza... Toda riqueza assim obtida deve ser restituída a quem desta maneira foi roubado, ou aos seus filhos ou aos filhos de seus filhos." 132:5.8
"Se uma determinada porção de tua fortuna foi sabidamente obtida mediante fraude; se alguma parte de tua riqueza foi acumulada mediante práticas desonestas ou métodos iníquos; se tuas riquezas provém de tratos injustos com teus semelhantes, apressa-te a restituir estes bens mal havidos aos seus legítimos donos. Faze plena retribuição e limpa deste modo tua fortuna de toda riqueza mal havida." 132:5.12
"Seja lá o que for que vos custe em coisas do mundo, seja lá qual for o preço que pagueis para entrar no reino do céu, recebereis muitas vezes mais em gozo e progresso espiritual neste mundo, e vida eterna na era vindoura." 137:8.14
"E depois de assim se encontrarem, o filho levantou os olhos ao rosto banhado de lágrimas de seu pai e disse : "Pai, pequei contra os céus e ante teus olhos, já não sou digno de ser chamado de teu filho"; mas o rapaz não teve oportunidade de completar sua confissão pois o pai regozijado disse aos servos que neste momento chegavam correndo: "Trazei o melhor vestido, aquele que guardei, e vesti-lhe, e ponde em sua mão o anel de filho e trazei sandálias para seus pés." 169:1.9
"Então Zaqueu subiu num tamborete e disse: "Homens de Jericó, ouvi-me! Talvez eu seja publicano e pecador, mas o grande Mestre veio ficar em minha casa; e antes que entre, eu vos digo que doarei a metade de meus bens aos pobres, e a partir de amanhã se arrecadei algo injustamente de algum homem, devolverei quatro vezes tanto. Vou buscar a salvação com todo meu coração e aprender a praticar a retitude ante os olhos de Deus." 171:6.2
"Deverias aprender que mesmo a expressão de um bom pensamento deve ser modulada de acordo com o estado intelectual e com o desenvolvimento espiritual do ouvinte." 181:2.21
Aceitando o Perdão de Deus
Uma vez que tenhamos confrontado nossos erros e nossas más ações, que as tenhamos confessado a Deus e a um amigo de confiança, que tenhamos perdoado a todo aquele que tenha nos ofendido, que tenhamos pedido o perdão àqueles que ofendemos, e que tenhamos reparado, estamos autorizados a experimentar a plenitude do perdão de Deus e a confiantemente tomar lugar na família universal do Pai. Com a ajuda de Deus enfrentamos nossos medos, repudiamos o falso orgulho reconhecendo perante os outros o que fizemos, pedimos desculpas àqueles a quem ferimos e, no melhor de nossas capacidades, corrigimos os erros de nosso passado.
E então vem um ato crucial de fé : devemos deixar todos estes assuntos para nosso Pai e permitir-lhe que remova mesmo suas lembranças. Negociamos estes erros passados no melhor de nossa capacidade e estamos autorizados a nos libertar de seu peso morto. Devemos agora cessar com quaisquer outras considerações sobre estes erros, abandonando-os e esquecendo-os enquanto nos movemos para o futuro que Deus preparou para nós. Más lembranças se tornam irreais como os pesadelos após acordarmos, à medida que Deus cura nossas almas. Temos demonstrado misericórdia para com aqueles que nos ofenderam e não deveríamos imaginar que nosso Pai seria menos misericordioso conosco. O Pai nos compreendeu deste o princípio, nossos erros e como chegamos a cometê-los; ele considerou nossa fragilidade com os olhos misericordiosos de um pai. Deus perdoou nossos equívocos mesmo antes de lhe pedirmos, pois seu perdão não estava condicionado em nada que fizemos, mas existia naturalmente como o amor de um pai. Deus já havia perdoado mesmo que a experiência do perdão não estivesse disponível até que tivéssemos perdoado, pedido perdão e reparado.
Aceitar o perdão de Deus requer que entreguemos a ele todos os aspectos de nossos erros passados. Chafurdarmos mais em nossos erros passados apenas nos levaria a um ciclo degenerativo de frustração, de culpa e auto-acusação. Acabou-se; Deus tem perdoado; uma vida nova nos acena além do monte.
Os passos do perdão nos libertam da prisão do passado; desembaraçados, podemos levar a efeito nossa vida nova no espírito. Nossa regeneração não foi um ato de contrição, como se um Deus severo nos solicitasse a passar por um ritual de penitência, mas foi empreendida porque era certa, adequada, e a resposta responsável à situação que criamos. O Pai apenas desejava que nos humilhássemos para que pudéssemos, por meio disso, nos tornar livres. Os enganos de nosso passado cujo desfazer estiverem além de nossas forças, retrocedem na obscuridade do esquecimento à medida que o perdão dissolve e destrói toda a força residual que ainda no presente nos prende.
Estamos nos livrando de todos os grilhões do comportamento destrutivo e aprendendo a fazer a vontade do Pai de forma mais profunda. Encontramos o Pai no sorriso renovado de um amigo que nos era distante e sentimos o prazer que resulta de estarmos harmonizados com o universo - nosso universo. Estamos em paz com tudo o que aconteceu anteriormente, até com os erros, e temos confiança de que Deus vai revelar o bem de cada um destes episódios infelizes. Temos experimentado a verdade e jamais poderíamos voltar ao pecado. Podemos viver agora nossa nova vida com entusiasmo e força.
Referências do Livro de Urantia:
Deus é divinamente bondoso com os pecadores. Quando os rebeldes volvem à retitude, são misericordiosamente recebidos, "pois nosso Deus é rico em perdão". "Eu sou o que apaga as tuas transgressões por amor de mim, e já não me lembro dos teus pecados". "Vede que prova de amor nos deu o Pai: que sejamos chamados filhos de Deus". 2:5.4
O perdão dos pecados pela Deidade resulta na renovação das relações de lealdade após, durante certo tempo, um período de consciência humana da interrupção de tais relações como conseqüência de uma rebelião consciente. Não é necessário buscar o perdão mas tão só recebê-lo em forma de consciência do restabelecimento das relações leais entre a criatura e o Criador. 89:10.6
"Todos aqueles que têm meu nome, pela minha glória os tenho criado, e eles me exaltarão. Sou eu, eu mesmo, quem apaga suas transgressões por causa de mim mesmo, e não me recordarei de seus pecados." 97:7.10
"Vinde agora, raciocinemos juntos", disse o Senhor. "Ainda que vossos pecados fossem escarlate, se tornariam brancos como a neve. Ainda que fossem vermelhos como o carmesim, se tornariam brancos como a lã." 131:2.10
"Que os maus abandonem seu mau caminho e o homem injusto seus pensamentos rebeldes. Disse o Senhor: Regressa a mim, e terei misericórdia de vós; e vos perdoarei abundantemente". 131:2.11
"Eis aqui a soma do dever: que nenhum homem faça a outro o que lhe repugnaria; não abrigueis malícia, não castigueis ao que vos castiga, conquisteis a ira com a misericórdia e dissipeis o ódio com a benevolência. E tudo isto devemos fazer porque Deus é um amigo bondoso e um pai misericordioso que redime todas nossas ofensas terrenas." 131:4.6
"Esta religião do Sábio purifica o crente de todo mau pensamento e de todo ato pecaminoso. Inclino-me ante Deus dos céus em arrependimento se o tenho ofendido em pensamento, palavra ou ato - intencional ou involuntariamente - e ofereço orações pela misericórdia e louvores pelo perdão. Sei que, quando me confesso e se me proponho a não voltar a fazer o mal, o pecado será expungido de minha alma. Sei que o perdão dissolve as algemas do pecado." 131:5.5
"Quando os homens e as mulheres perguntam o que devem fazer para serem salvos, deveis responder : creiam neste evangelho do reino; aceitem o perdão divino." 150:5.2
"Eu vos aconselho a não temer nada, no céu ou na terra, mas sim a regozijar-vos no conhecimento daquele que tem o poder de vos libertar de toda injustiça e de vos apresentar sem culpa ante os tribunais de um universo." 165:3.3
"O perdão divino é inevitável; é inerente e inalienável à infinita compreensão de Deus, em seu perfeito conhecimento de tudo o que se relaciona com o juízo errôneo e a escolha equivocada do filho." 174:1.3
A cruz mostra para sempre que a atitude de Jesus para com os pecadores não foi de condenação nem de tolerância mas, antes, de salvação eterna e amorosa. Jesus é verdadeiramente um salvador no sentido que sua vida e sua morte cativam os homens para a bondade e para a sobrevivência reta. Jesus ama tanto os homens que este amor desperta a resposta amorosa no coração humano. O amor é verdadeiramente contagioso e eternamente criativo. A morte de Jesus na cruz exemplifica um amor que é suficientemente forte e divino para perdoar o pecado e consumir toda a maldade. Jesus revelou a este mundo uma qualidade mais alta de retitude que a justiça - o mero conceito técnico do bem e do mal.
O amor divino não somente perdoa as faltas; ele as consome e realmente as destrói. O perdão do amor transcende completamente o perdão da misericórdia. A misericórdia põe de lado a culpa do mal; mas o amor destrói para sempre o pecado e toda debilidade que dele resulta. Jesus trouxe a Urantia um novo método de viver. Ensinou-nos a não resistir ao mal mas sim a encontrar, através de Jesus, a bondade que eficientemente destrói o mal. O perdão de Jesus não é tolerância; é a salvação da condenação.
A salvação não menospreza a falta, corrige-a. O amor verdadeiro não transige com o ódio nem o tolera, mas o destrói. O amor de Jesus nunca está satisfeito com o simples perdão. O amor do Mestre implica reabilitação, sobrevivência eterna. É totalmente próprio falar de salvação como redenção, se com isso quereis dizer esta reabilitação eterna.
Jesus, pelo poder de seu amor pessoal para com os homens, pôde romper as cadeias do pecado e do mal. Dessa maneira, liberou o homem para que este pudesse escolher os melhores caminhos de viver. Jesus ilustrou uma libertação do passado que em si mesma prometia o triunfo do futuro. Assim, o perdão provê a salvação. A beleza do amor divino, uma vez que entre plenamente no coração humano, destrói para sempre o fascínio do pecado e o poder do mal. 188:5.2-3
Passo 8: Vivendo uma nova vida
Decidimo-nos a viver uma vida nova abandonando a raiva, a ansiedade, a impaciência, o orgulho e o medo recusando-nos a nos apegarmos ou a alimentarmos estas relíquias de nosso passado. Estamos prontamente admitindo nossos erros e recusamo-nos a abrigar sentimentos de culpa.
Em todo coração existe um reino ao qual o crente é convidado a entrar. É um reino de paz, alegria, amor e de liberdade inescrutável. Este reino sempre esteve lá mas poucos confiaram o bastante para entrarem nele, a despeito daquela vozinha calma e sussurrante que vem de dentro, contando-nos do amor do Pai. Para aqueles que vivem para seus propósitos e que se regozijam em seu amor, o reino de Deus é um rio que lava a alma , purificando-a, e que faz completo o coração. Este rio, vaticinado pelos profetas e confirmado pelos santos, segue através das eras e dos universos e também intenta fluir através de nossos corações.
O reino não é somente um estado da mente; é também um lugar real. E se um homem doente e sem teto, sozinho numa cidade estranha ou num dia gélido, o vento penetrante irrompendo através de seu casaco rasgado e gordurento, achar que poderia ser transportado instantaneamente à ilha tropical de seus sonhos e se sentar descalço na areia ao lado de alguém que ele amou, ouvindo as ondas encrespando suavemente a praia com conchas espalhadas? Na verdade, nosso Pai nos possibilita vivenciar continuamente até mesmo um paraíso interior maior que este - a paz pessoal e a felicidade que almejamos - à medida que encaminhamos nossas tarefas normais da vida.
Pense em quão mais eficazes seremos quando operarmos consistentemente fora deste reino : nossos espíritos, fortalezas inatacáveis; nosso convívio com os outros, atencioso, criativo e encorajador; nossa mente em paz, não mais atormentada por correntes emocionais contrárias ou dividida por metas e propósitos contraditórios; nossos corpos mais saudáveis; nossa vida, mais simples e mais eficaz.
Nesta nova vida encontramos a libertação da praga da culpa pois pedimos e experimentamos o perdão de todo erro de nosso passado; tudo foi entregue ao nosso Pai, e fizemos paz com nossos semelhantes. Vivemos e agimos com a confiança de homens e mulheres que sabem por que estão aqui, o que estão fazendo e para onde estão indo. As barreiras não mais nos parecem insuperáveis mas apenas obstáculos interessantes na paisagem da vida. Nosso coração transborda com o amor do Soberano dos universos que dirige nossos rumos.
O interesse por nós mesmos motivou amplamente nossa velha vida. Conforme nossa dedicação aos valores mais elevados se fortaleceram, tentamos nos tornar pessoas melhores mas falhamos porque intentamos nos melhorar utilizando a força de vontade desamparada. Este esforço para nos modificarmos foi frustrante, exaustivo e finalmente sem sucesso pois nosso ego não era mais capaz de transformar a si próprio do que a água pode transformar-se em vinho. Somente submetendo-nos a um Poder Superior podemos legitimamente esperar a transformação pois agrada a Deus fazer por nós o que nós próprios não podemos fazer. A fé abre a porta ao nosso eu interior, nos nutre com forças espirituais verdadeiras, e nos alinha com as correntes ascendentes do universo.
A vida nova é diferente, não só uma variação naquilo que conhecíamos antes, mas algo completamente novo. Um saltador aumenta a distância de seu salto pelo treinamento paciente, cada pequeno aumento requerendo um trabalho árduo. A vida no reino não é como aquilo, sendo em vez disso um reino de paz interior, alegria, beleza e produtividade que não pode ser alcançado pela construção do caráter ou pelo pensamento positivo, mesmo que estas técnicas estejam também disponíveis. O reino do céu está onde sempre quisemos viver e onde, pela fé, podemos ir nesta mesma hora. É o lugar da visão dos profetas e procurado depois por todo aquele que ama a Deus. No reino, o espírito de Deus é nossa companhia diária segundo vivemos e amamos, e conseguido através da força que flui da Fonte do amor eterno no Paraíso.
O reino do céu nos leva para mais além das vinhas pegajosas de nosso passado, que atou nossas almas à terra com suas acusações de culpa e pecado. Para sempre o passado perdeu seu poder sobre nós pois sabemos que o Pai perdoou nossos enganos e nossos passos em falso. Temos um novo recomeço e nada além de nossos próprios temores e dúvidas podem nos prender ao passado agora.
Esta nova vida não nos livra de futuras faltas mas nos revela o método pelo qual tais enganos podem ser abreviados e transcendidos. A nova vida faz com que aquele que é justo viva alegre apesar de seu fardo, porque vivemos sob a orientação de Deus e dividimos cada hora com ele. Como o Pai dirige seu rio de amor em direção aos nossos corações, a fé que esse rio inspira leva embora todo bloqueio vindo do egoísmo e da dúvida. Vivemos no mundo de nosso Pai e nós mesmos sabemos ser seus filhos.
Ganhamos esta nova vida através da rendição ao poder transformador de Deus e pelo nosso compromisso de viver de acordo com o que sabemos ser verdadeiro, melhor e certo. Desconhecemos todo obstáculo e nos movemos adiante com confiança na vontade de Deus, à medida que ele a revela. Temos forças para seguir a vontade do Pai e teremos um resultado feliz ao fazê-lo assim.
Com a ajuda de Deus, somos maiores do que as coisas que nos prenderam ao passado, aquelas maldades prediletas que pareciam tão cumulativas que duvidávamos de nossa capacidade de nos libertarmos. Sua atração superficial não mais nos seduz, agora que temos conhecimento do melhor caminho. Em dificuldades familiares, insatisfações pessoais e angústia emocional, o preço por permanecer fora do reino do Pai é muito alto. As cadeias do medo e da dúvida que nos acorrentavam como animais se fundiram, evaporando-se ante os raios do amor de nosso Pai. Não mais duvidamos do reino ou pesamos os pontos positivos e negativos de seu custo e benefício relativos. Estamos entrando com sinceridade naquilo que sempre esteve disponível, mas que apenas recentemente tornou-se real para nós.
Antecipamos toda hora que chega no reino do Pai, sem saber o que ela trará, somente que o Pai a fará boa. Todas as coisas estão se tornando novas.
Referências do Livro de Urantia:
Deveis entregar todos os desejos da mente e todo anseio da alma ao abraço transformador do crescimento espiritual. 91:9.4
De todos os perigos que assediam a natureza mortal do homem e que põem em risco sua integridade espiritual, o orgulho é o pior. A coragem é valorosa, mas o egocentrismo é vanglorioso e suicida.
O orgulho é ilusório, intoxicante e dá origem ao pecado tanto no indivíduo como no grupo, na raça ou na nação. É literalmente verdade: "O orgulho vem antes da queda". 111:6.9-10
"Recorda que o alfaiate sábio não costura um pedaço de tecido novo e sem encolher numa túnica velha porque, quando se molha, ele encolhe e produz um rasgo ainda maior. Tampouco os homens põem vinho novo em odres velhos, para que o vinho novo não rompa os odres destruindo assim tanto o vinho como os odres. O homem sábio põe vinho novo em odres novos. Por isso meus discípulos demonstram sabedoria ao não trazer muitas coisas da velha ordem ao novo ensinamento do evangelho do reino." 147:7.2
Jesus compreendia plenamente quão difícil é para os homens romper com seu passado. Sabia como os seres humanos são influenciados pela eloqüência dos pregadores, e como a consciência humana responde ao apelo emocional assim como a mente responde à razão e à lógica, mas ele também sabia quão mais difícil é convencer o homem a deixar o passado. 154:6.8
O tema das instruções de Jesus durante a permanência em Sidon foi o progresso espiritual. Disse-lhes que não podiam ficar imóveis; que deviam avançar em retitude ou retroceder no mal e no pecado. Advertiu-lhes que "esquecessem essas coisas que estão no passado, e que se esforçassem avante até abraçar as realidades maiores do reino..."
Disse Jesus: "Meus discípulos devem não somente cessar de fazer o mal mas também devem aprender a fazer o bem; deveis não somente purificar-vos de todo pecado consciente, mas também negar-vos a albergar mesmo os sentimentos de culpa. Se confessardes vossos pecados, estes serão perdoados; por conseguinte, deveis manter uma consciência livre de ofensa." 156:2.6-7
"Mas o que fizer tropeçar a um destes pequenos, melhor lhe seria que se atasse ao pescoço uma pedra de moinho e que fosse lançado ao mar. Se as coisas que fazeis com vossas mãos ou as coisas que vedes com vossos olhos vos lesa no progresso do reino, sacrificai esses ídolos amados porque é melhor entrar no reino sem muitas das coisas amadas na vida do que apegar-se a estes ídolos e encontrar-se fora do reino." 158:8.1
Vejo nos ensinamentos de Jesus a religião em sua melhor expressão. Este evangelho nos permite buscar ao Deus verdadeiro e encontrá-lo. Porém, estamos dispostos a pagar o preço desta entrada no reino do céu? Estamos dispostos a renascer? A sermos refeitos? Estamos dispostos a nos submeter a este terrível e esgotante processo de autodestruição e reconstrução da alma? Acaso não disse o mestre: "o que quiser salvar sua vida tem que perdê-la. Não creias que tenho vindo para trazer a paz mas sim a luta da alma". É verdade que depois de pagarmos o preço da dedicação à vontade do Pai experimentaremos grande paz, contanto que sigamos progredindo pelos caminhos espirituais do viver consagrado.
Agora, pois, estamos verdadeiramente renunciando às atrações da conhecida ordem de existência convencional, dedicando-nos sem reservas a buscar as atrações do desconhecido e inexplorado dentro da existência de uma vida futura de aventura nos mundos espirituais do mais elevado idealismo da realidade divina. 160:5.10-11
Passo 9: Comprometidos conosco
Avaliamos o custo e decidimos que a única vida que vale a pena viver é aquela baseada na verdade e dedicada ao nosso amoroso Pai celestial. Comprometemos sinceramente cada aspecto de nossa vida com Deus e em fazer a sua vontade.
A beligerância nativa do homem primitivo, a suspeita e a astúcia o manteve vivo num mundo hostil, e estes instintos de auto-preservação ainda nos são úteis mas complicam o progresso espiritual pois nos programam a não aprofundarmos a ponto de confiar. Mas, para entrar no reino, isso é exatamente o que devemos fazer.
A vida no espírito é uma relação de desenvolvimento progressivo de comunicação concorde entre nossa alma e seu Fazedor. Atentos ao espírito de Deus, comprometemo-nos no avanço de fazer o que quer que Deus queira que façamos, de forma instantânea e exata, indiferentes ao custo ou às conseqüências aparentes. O progresso no reino é um processo subjetivo e sutil, e prescrever fórmulas para seu alcance pode iludir alguém que não compreendeu seu espírito intrínseco e, possivelmente, até preveni-lo contra a coisa real. A vida no reino é um processo de libertação que requer, com sinceridade e sem reservas, que entremos num caminho estreito e exigente, certos de que numa terra distante encontraremos a paz, a alegria e a vida eterna.
Entrar no reino exige que deixemos de lado qualquer coisa, atividade ou relacionamento que se coloque entre nós e a vida divina. Se nosso compromisso com Deus for outro que não o incondicional, se nos apegarmos mesmo a algo pequeno, nosso compromisso espiritual é parcial pois permanecemos na direção. Se obedecemos ao Pai noventa e nove entre cem vezes, estamos refreando a obediência inquestionável porque cada situação nova reclama um novo cálculo se iremos ou não, desta vez, seguir a direção divina.
Não obstante, deixando de fora o comportamento há uma pequena diferença espiritual entre obedecer a Deus noventa e nove por cento de vezes e um por cento de vezes, sendo uma diferença de mera graduação. Somente na vida daqueles que decidiram avançar seguindo a vontade de Deus, sem se importar com os custos ou conseqüências, pode o Pai expressar-se plenamente.
E se pudéssemos viver dessa maneira, nem que fosse por uma hora? Se os problemas que têm nos oprimido durante anos pudessem repentinamente se afastar, para nunca mais voltar? Se pudéssemos enxergar os anjos que caminham ao nosso lado, assistindo-nos em cada uma das batalhas da vida? Se pudéssemos estar absolutamente seguros de que os acontecimentos de nossa vida diária são parte de um grande plano designado por um Ser onisciente?
O que coloca as coisas em movimento? Do lugar onde nos encontramos agora, como podemos entrar neste reino maravilhoso? Tentando encontrar a Deus, os ascetas mortificaram a carne : sentaram em água fria, escalaram montanhas e suportaram as mais duras privações e sofrimentos na esperança de ganhar o favor de um Deus severo, escondido. Na tentativa de reduzir as distrações, que são uma parte natural do mundo que Deus criou para que vivêssemos, monges têm mantido anos de silêncio estrito ou preenchido seus dias com recitação de preces até que suas línguas se movam hipnotizadas pela repetição monótona.
Outros procuram, em vão, controlar os segredos do universo e conseguir o estado celestial aprendendo mais sobre o Sustentador Universal, procurando encontrar a Deus pelo conhecimento. Porém, nenhum destes caminhos extremos, por mais bem intencionados que eles possam ser, levam a alma ao reino; antes, viver a vida pela fé em vigoroso contato com o mundo que Deus nos deu. Tentarmos nos tornar melhores através de subjugar nosso corpo ou educar nossa mente falham como maneira de encontrar a Deus pois ambos os métodos deixam a pessoa no controle e a essência da vida no reino é nossa submissão à direção de Deus. Procuramos o reino de Deus não para submeter o mundo às nossas ordens mas para, através da fé, nos tornarmos instrumentos efetivos ao fazer a vontade do Pai celestial.
Se esta recompensa vale seu preço, não hesite; vá por si mesmo e converse com o Pai. Conte a ele o que você deseja na vida, seus desejos e suas esperanças assim como sobre seus medos e seus problemas. Invoque a coragem para dizer a ele que deste momento em diante você quer viver no caminho dele, sem se importar com o custo aparente nas coisas e relacionamentos deste mundo. Diga ao Pai que você confia plenamente nele, que sua vida é dele, e que seu maior desejo é obedecer-lhe nas menores coisas. E então, fique em silêncio e o ouça responder à sua alma, sua boas-vindas ao reino espiritual.
O Pai purifica as máculas que mancham nosso íntimo, limpando nosso coração. Conforme Deus vive em nós, e através de nós, nos tornamos mais verdadeiros e menos sujeitos aos constrangimentos normais e humanos; como agentes dele, que governa as circunstâncias dos mundos que giram no espaço, realizamos mais. Trabalhando com Deus, Deus trabalha através de nós. Entrar em seu reino de mistério clareia as cores e sombras do mundo que nos rodeia; as folhas de cada carvalho parecem vibrar com gratidão pelo dom de viver. Percebemos a aventura sem limites que Deus estende ante nós, nossa pequena parte em sua história sem fim de misericórdia e providência.
Referências do Livro de Urantia:
Mesmo para aproximar-se do conhecimento de uma personalidade divina, todos os dotes da personalidade do homem devem se consagrar totalmente a esse esforço; resulta inútil uma dedicação indiferente e incompleta. 1:6.5
Isolar parte da vida e chamá-la de religião é desintegrar a vida e distorcer a religião. E é precisamente por isto que o Deus de adoração exige fidelidade total ou nada. 102:6.1
O segredo da sobrevivência envolve-se no supremo desejo humano de ser semelhante a Deus e na disposição vinculada de fazer e ser toda e qualquer coisa essencial ao alcance final desta aspiração dominante. 110:3.2
Quando o homem consagra sua vontade a fazer a vontade do Pai, quando o homem dá a Deus tudo o que tem, Deus faz com que esse homem seja mais do que é. 117:4.14
O que mais o rapaz ansiava fazer, realmente estava inconscientemente fazendo-o. Assim foi e assim é, sempre. O que uma imaginação humana esclarecida e reflexiva, que recebeu o ensinamento e a direção espirituais e que deseja sincera e altruisticamente ser e fazer, torna-se de forma comensurável criativa segundo o grau de dedicação do mortal à execução divina da vontade do Pai. Quando o homem vai em parceria com Deus podem ocorrer, e ocorrem realmente, coisas grandiosas. 132:7.9
"Os que buscam primeiramente entrar no reino, esforçando-se por obter uma nobreza de caráter semelhante a de meu Pai, possuirão todas as demais coisas que lhes são necessárias presentemente. Mas vos digo com toda sinceridade : a menos que busqueis entrar no reino com a fé e a dependência confiante de uma criança, de modo algum sereis admitidos." 137:8.8
O direito de entrar no reino está condicionado pela fé, a crença pessoal. O custo de permanecer na ascensão progressiva no reino é uma pérola de grande preço; para possuí-la, o homem vende tudo o que tem. 140:8.28
"Os pagãos atacam diretamente para obter seus objetivos; vós sois culpáveis da saudade excessiva e crônica. Se desejais entrar no reino, porque o tomais como um assalto espiritual, assim como os pagãos tomam uma cidade sitiada? Quase não sois merecedores do reino se vosso serviço consiste, em grande parte, numa atitude de pesar pelo passado, lamento pelo presente e esperança vã pelo futuro." 155:1.3
Quase todos os seres humanos tem apego a algum mau vício que lhes é predileto, ao qual se requer como parte do preço de entrado no ingresso ao reino do céu. 163:2.7
"Mas o Pai requer que o afeto de seus filhos seja puro e total. Deve-se ceder de qualquer coisa ou pessoa que se interponha entre vós e o amor pelas verdades do reino." 163:3.3
Jesus ensinou que, pela fé, o crente entra agora no reino. Nos vários discursos, ensinou que duas coisas são essenciais para, pela fé, ingressar no reino: 1. A fé, a sinceridade. Vir como uma criança, para receber a concessão da filiação como um dom; submeter-se, sem perguntas, a fazer a vontade do Pai, com uma confiança plena e genuína na sabedoria do Pai. Entrar no reino livre de juízos prévios e de preconceitos; ter a mente aberta e disposta a aprender como uma criança pura. 2. A fome da verdade. A sede de retitude, uma mudança da atitude mental, a aquisição da motivação para ser como Deus e para encontrar a Deus. 170:2.18
"Vós que quereis seguir-me, de agora em diante deveis estar dispostos a pagar o preço da dedicação, de todo vosso coração, a fazer a vontade de meu Pai. Se quiserdes ser meus discípulos, deveis estar dispostos a abandonar pai, mãe, esposa, filhos, irmãos e irmãs. Se qualquer de vós quiser agora ser meu discípulo, deveis estar dispostos a abandonar mesmo vossa vida, assim como o Filho do Homem está a ponto de oferecer sua vida para completar a missão de fazer a vontade do Pai, na terra e na carne." 171:2.2
"Agora, então, cada um de vós deve se sentar e avaliar o custo de ser meu discípulo. De agora em diante, não podereis seguir-nos escutando os ensinamentos e contemplando as obras; tereis que enfrentar perseguições amargas e dar testemunho deste evangelho frente a um desapontamento esmagador. Se não estiverdes dispostos a renunciar a tudo o que sois e a dedicar tudo o que tendes, não mereceis ser meus discípulos." 171:2.4
Passo 10: Orando
Através da oração, da meditação, da adoração e da comunhão espiritual estamos melhorando nosso contato consciente com Deus e compartilhando nossa vida íntima com ele.
O compromisso de nossas vidas com Deus é o alicerce da oração, o processo pelo qual nós chegamos a conhecer ao nosso Pai celestial.
Deus, sendo Deus, pode se comunicar conosco por qualquer modo que escolha. Se ele raramente o faz de modo audível, isso se deve à importância que ele vincula ao nosso crescimento na fé. Se a procura pela orientação espiritual consistisse em não mais que ouvir uma voz ou consultar um manuscrito num quadro negro, que objetivo haveria em viver pela fé? O plano de Deus requer que confiemos em nossas convicções mais elevadas quando o caminho está confuso, pois lutarmos com as incertezas da orientação interior exercita nossa fé. Um pai está menos preocupado se a criança compreende um trecho particular de um livro do que se a criança está aprendendo a ler; de modo similar, o importante, na visão de Deus, não é se compreendemos perfeitamente uma oração em particular, mas sim o processo de crescimento associado à buscar a vontade de Deus. O que vem depois pertence ao nosso relacionamento com ele; o anterior aponta somente detalhes.
O vital é que ouvimos à voz baixa e calma do Pai, dentro de nossa alma, uma prática que requer concentração para captar o timbre delicado ao qual nosso ouvido material é completamente surdo. A alma tem, naturalmente, esta faculdade, mas essa requer persistência para que nos tornemos aptos a distinguir a orientação de Deus da cacofonia que surge de nossos próprios pensamentos aleatórios, assim como se requer a um homem do campo a prática para distinguir a canção individual dos pássaros dos sons de fundo da mata. O Pai tem muito para nos falar e nosso bem estar espiritual depende de reservarmos um tempo para ouvi-lo.
A prece não pode ser aprendida em livros, mas apenas pela experiência. A prece é a comunicação com o Fazedor e não uma destreza retórica através da qual nossa linguagem floreada para supostamente impressionar àquele que cinge as galáxias. A hora, o local e a forma de nossas preces não são relevantes mas apenas a sinceridade e nossa boa vontade em ouvir a resposta de Deus. Nós nos tornamos amigos de Deus no céu da mesma maneira com que fazemos com qualquer um, despendendo tempo com ele - conversando, ouvindo e repartindo nossa vida.
Compartilhamos com Deus aqueles assuntos diários que ocupam nossa mente pois tudo o que nos preocupa, preocupa a ele também. Porém, nossas orações não devem se degenerar numa lamentação egoística ininterrupta de nossos problemas pessoais; não devemos negligenciar a necessidade alheia que, usualmente, ultrapassa em muito a nossa. E também, nossas preces nunca devem evoluir em petições para que Deus torne nossa vida mais fácil, ou que nos prefira aos outros. Para situar nossas próprias dificuldades em perspectivas mais reais devemos cultivar uma atitude de gratidão e reconhecimento, lembrando de agradecer ao Pai pelas boas coisas que ele nos tem dado a cada dia.
Nossa vida em prece nos liga ao mundo real do espírito, abastecendo-nos para encarar nossos desafios e nossas dificuldades como elas existem atualmente e não como desejaríamos que fossem, num mundo de sonhos, de irrealidade. Quando temos problemas, a prece nos leva a examinarmos a posição exata em que nos encontramos, como chegamos a ficar em tal dilema e onde, provavelmente, vamos parar com a inércia para modificar o dinamismo da situação.
A prece é um estímulo para a ação e não um substituto desta. O Pai nos colocou neste mundo para participarmos da vida e para construirmos um caráter mais forte superando suas inevitáveis vicissitudes. Este propósito malograria e a indolência seria premiada se Deus concedesse em nossas petições por coisas que estão dentro de nossa habilidade humana alcançar, obter ou realizar. Deus planejou este mundo de forma a requerer esforço para alcançarmos nossas metas e conquanto peçamos sempre ao Pai por forças para levarmos a cabo nossas metas, jamais deveríamos esperar que ele fizesse por nós o que já nos deu capacidade para realizarmos.
Para nossas preces serem eficazes, deveriam ser focalizadas e específicas. Como, exatamente, desejamos que a situação se modifique? Habitualmente, por apenas refletir na questão, a resposta óbvia revela-se e nos permite redirecionar nossa energia humana para sua realização. Nossa atitude global para com a vida é "Pai, sua vontade será feita" mas, na prece, as generalidades a dissipam como a água se entorna de um balde. Havendo meditado na situação com o melhor de nossa capacidade e chegado à convicção sincera de que o melhor resultado é preocupante, sem hesitação pedimos ao Pai que nos auxilie a encaminhá-la.
Nossa atitude de fé nos assevera que Deus resolverá o problema da melhor maneira, mesmo que não seja pelos meios ou por qualquer das alternativas que havíamos previsto. Mas os melhores efeitos da prece não vêm dos anseios vagos ou das atitudes indefinidas, pois Deus deseja que combatamos vigorosamente, criativamente, para resolver os problemas da vida. Devemos orar intensamente em nossas dificuldades e, da mesma forma, trabalhar arduamente para superá-las. Nossas preces não são hesitantes, tímidas ou piegas mas, preferivelmente, declarações audaciosas de vitória do que é melhor e do que é certo.
Comparecemos perante Deus como o fazemos com um pai terreno, definindo a situação ou o problema exato, explicamos nossas idéias conforme elas ocorrem e os resultados ou soluções que imaginamos como os melhores, e recapitulamos o que temos feito até este ponto para resolver o problema. Se não há mais nada que sejamos capazes de fazer para melhorar a situação, somos chamados a, em completa confiança, pedir a Deus para nos encaminhar a resolução que estamos convencidos de ser a melhor.
Se parece que Deus não responde às nossas preces, não é porque ele não as ouviu, ou porque não se importa, ou porque está muito ocupado. Uma prece aparentemente sem resposta pode significar várias coisas : que ainda não exaurimos nossos recursos humanos para resolver o problema; que, por razões que não compreendemos, seria prejudicial para nós recebermos aquilo que procuramos, pelo menos da maneira como imaginamos; que responder à nossa súplica privaria o livre arbítrio de um outro; que ainda não é tempo; ou ainda que, de modo desconhecido para nós, a súplica foi atendida. Afora essas exceções evidentes, devemos viver na certeza de que Deus responde à cada uma de nossas preces.
A prece, a fé e a ação estão espiritualmente atadas juntas. A prece gera a fé, a fé nos leva a orar, e ambas nos levam a agir decisivamente de acordo com a direção de nosso Pai. Agir por orientação espiritual, por sua vez, nos confere mais fé e eleva nossa vida em prece segundo experimentamos a satisfação de uma vida espiritual vitoriosa.
A prece é real e deveria ser utilizada para superarmos barreiras, como os exércitos antigos utilizavam as catapultas para quebrar os portões das cidades inimigas. A prece, unida à fé e à ação, faz ruir problemas pertinazes, sobrepuja dificuldades e traz o reinado de Deus de forma mais plena ao nosso planeta em sofrimento.
Referências do Livro de Urantia:
Se queres que tua oração seja eficaz, deves ter em mente as leis das petições que prevalecem:
- Deves qualificar-te como um orador poderoso, que enfrenta sincera e valentemente os problemas da realidade do universo. Deves possuir vigor cósmico.
- Deves honestamente haver esgotado a capacidade humana de adaptação. Deves ser esforçado.
- Deves entregar todo desejo da mente e todo anseio da alma ao abraço transformador do crescimento espiritual. Deves haver experimentado um enaltecimento dos significados e uma elevação dos valores.
- Deves, de todo coração, escolher a vontade divina. Deves evitar o ponto morto da indecisão.
- Não somente reconheces a vontade do Pai e escolheste faze-la, mas fizeste uma consagração incondicional e uma dedicação dinâmica ao efetivo fazer a vontade do Pai.
- Tua oração será guiada exclusivamente pela sabedoria divina para solucionar os problemas humanos específicos encontrados na ascensão ao Paraíso — o alcance da perfeição divina.
- E deves ter fé: fé viva. 91:9.1-8
Fazer a vontade de Deus é, nem mais nem menos, uma exibição da boa vontade da criatura de compartilhar a vida interior com Deus : com o mesmo Deus que tornou possível essa vida de valor e significado interior para a criatura. Compartilhar é semelhante a Deus : é divino. 111:5.1
A adoração é o ato da parte que se identifica com o Todo; o finito com o infinito; o filho com o Pai; o tempo, no ato de marcar o passo com a eternidade. A adoração é o ato da comunhão pessoal do filho com o Pai divino, é assumir atitudes agradáveis, criativas, fraternais e românticas da parte da alma-espírito humano. 143:7.8
"Porém, quando orais, exerceis tão pouca fé. A fé genuína é capaz de mover montanhas de dificuldades materiais encontradas no caminho da expansão da alma e do progresso espiritual". 144:2.6
Jesus ensinava que a oração eficaz deve ser:
- Altruísta: não somente para si mesmo.
- Crente: de acordo com a fé.
- Sincera: de coração honesto.
- Inteligente: de acordo com a luz.
- Confiante: em submissão à vontade onisapiente do Pai. 144:3.8
Quando estiveres totalmente dedicado a fazer a vontade do Pai no céu, receberás resposta à todas as tuas súplicas, porque orarás em total e pleno acordo com a vontade do Pai, e a vontade do Pai sempre se manifesta em todo seu vasto universo. O que deseja o verdadeiro filho e que é da vontade do Pai infinito, torna-se realidade. Tal oração não pode permanecer sem resposta e não há outro tipo de súplica que possa ser plenamente respondida. 146:2.7
"Eu vim do Pai; se, portanto, duvidas do que podes pedir ao Pai, suplica em meu nome e eu apresentarei teu pedido de acordo com tuas necessidades e desejos reais, e de acordo com a vontade de meu Pai." 146:2.10
Mesmo os apóstolos eram incapazes de compreender plenamente seu ensinamento sobre a necessidade de utilizar a força espiritual no propósito de romper toda resistência material e para sobrepor-se a todo obstáculo terreno que pudesse dificultar o alcance dos valores espirituais fundamentais da nova vida no espírito como livres filhos de Deus. 166:3.8
Quando uma oração aparentemente não recebe resposta, freqüentemente esta demora representa uma resposta melhor embora, por alguma razão válida, seja demorada.... Não se nega resposta à nenhuma oração sincera, exceto quando o ponto de vista superior do mundo espiritual encontrou uma resposta melhor, uma resposta que satisfaz o pedido do espírito do homem em constraste com a oração da simples mente humana. 168:4.5
Quanto tempo levará o mundo dos crentes para compreender que a oração não é um processo para conseguir o que se quer senão, melhor, um programa para aceitar o caminho de Deus, uma experiência de aprendizagem para reconhecer e cumprir a vontade do Pai? É completamente verdade que, quando tua vontade está verdadeiramente aliada com a vontade dele poderás pedir tudo o que é concebido por essa união de vontades, e te será concedido. Tal união de vontades efetua-se por Jesus e através dele, assim como a vida da videira flui pelos ramos vivos e através destes. 180:2.4
Passo 11: Equilibrando o Físico com o Espiritual
Passamos por conflitos à medida que Deus nos concede forças para trocar metas materiais por metas espirituais. Equilibramos melhor nossas necessidades humanas com nossa vida no espírito.
Este passo diz respeito a conciliação do total compromisso interior com as exigências da existência diária, equilibrando o que é bom para nós com o que é bom para os outros. É possível viver neste mundo e ainda, como disse Jesus, não ser deste mundo? Como podemos agir espiritualmente quando estamos a cada segundo reféns da carne e do sangue? Como podemos resistir a experimentar a raiva, a concupiscência, a ganância e o egoísmo quando os instintos de sobrevivência programados dentro de nós pelo Criador nos compele a reagir exatamente dessa forma? Seria o modo altruísta do Mestre compatível com a rotina da vida, sem falar de alcançar um bom êxito nessa empresa? Nosso instinto nos conduz a perpetuar a espécie e nos mantém vivos num mundo muitas vezes cruel, mas como conciliar esses impulsos inatos com seu oposto: as advertências de Jesus de dar nosso manto, de caminhar outros mil passos, e de salvar nossa vida perdendo-a?
Aos olhos de Deus temos direitos como indivíduos; ele não pretende que nossos semelhantes reivindiquem todo nosso tempo e todas as nossas energias. O Pai nos criou como somos, e contanto que não comprometamos nossa lealdade espiritual, ele tolera nosso desejo humano de sucesso e realização. Deus nos deu nossos apetites e desejos triviais e exatamente como não há nada de errado com a água contanto que um não se afogue, inerentemente não há nada de errado ou maléfico em nossos impulsos humanos, mesmo que eles devam por vezes ser contidos por elevadas considerações éticas.
A vida nova é vivida no mesmo mundo como no velho mundo, e os pesquisadores espirituais não escapam de efetuar os múltiplos amoldamentos diários que a vida requer. Se ignorarmos nosso próprio bem estar, sem um zelador morreríamos rapidamente de inanição ou abandono. Se continuarmos a viver exclusivamente para nós mesmos, como fazíamos na velha vida, que diferença fez nosso recomeço? Como filhos e filhas renascidos espiritualmente não devemos ficar em nenhum extremo, mas preferivelmente nos guiarmos pelos atributos de bom senso e equilíbrio que nos foram dados por Deus. Deus não exige ou espera que ignoremos nosso bem estar pessoal; seu desejo é que altruisticamente subordinemos nossos interesses ao serviço aos outros, lembrando que ele sabe de nossas necessidades pessoais, e confiando que ele as suprirá.
Nosso Pai está bem ciente da transição difícil pela qual devemos passar para nos adaptarmos à nossa nova vida no espírito, e ele guiará com segurança cada alma confiada ao seu cuidado. Deus pode equilibrar a necessidade de nosso corpo com o desejo de nossa alma e ele exige somente nossa cooperação para que a transição seja positiva e produtiva.
Uma vez dentro dos portões do reino, a batalha crítica foi vencida porém somente com bom senso e equilíbrio evitaremos ações da retaguarda de extremos emocionais de egocentrismo materialista e fanático, a pseudo-espiritualidade imatura. Não devemos desanimar quando os hóspedes indesejados como a vingança, a raiva, a concupiscência ou a inveja insinuarem suas indesejáveis presenças em nossa mente. Somente o tempo pode apagar algum veneno mental de raiz profunda mas agora que o espírito de Deus está entronado em nosso coração, podemos ter paciência enquanto ele nos transforma à sua semelhança. A libertação da aflição emocional pode ou não vir rapidamente mas a ansiedade relativa ao estado de nossa alma apenas irrita a crosta da ferida que cicatriza.
O mundo espiritual é real e importante e este mundo físico é real e importante ao oferecer, como o faz, experiências de aprendizagem que nunca mais encontraremos em nossa ascensão, através das várias mansões do universo do Pai. A necessidade corporal de alimento, abrigo e vestimenta não é menos real que a necessidade da alma de fé, esperança e amor. Vivemos nossos ideais o resto de nossos dias no estágio deste mundo físico que encerra em si uma emaranhada e muitas vezes incongruente associação de circunstâncias, pessoas e coisas na qual nos encontramos. As insistentes exigências deste mundo físico providenciam um ingresso na verificação de nossas intenções espirituais, prevenindo que elas se tornem meras abstrações ou fantasias. Neste mundo somos obrigados a fazer concessões, a nos equilibrar e a conciliar os interesses e as multiformes forças competitivas da melhor forma que podemos e raramente nossa resposta triplamente amadurecida a estes problemas complexos pode propiciar uma solução perfeita. A perfeição é nossa meta, mas não é atingível neste mundo. O Pai leva tudo isso em conta e não devemos retardar sua obra em nós pela auto-recriminação ou por pensamentos de fracasso. Nossa embarcação foi lançada em águas não mapeadas de um caminho eterno e o Poder que põe o universo em movimento pode fazer e fará por nós o que humanamente seria impossível.
Referências do Livro de Urantia:
Os homens e mulheres conhecedores de Deus e que nasceram da experiência do Espírito não experimentam conflito com suas naturezas mortais mais do que o fazem os habitantes dos mais normais dos mundos, que nunca foram manchados pelo pecado nem tocados pela rebelião. Os filhos da fé trabalham em níveis intelectuais e vivem em planos espirituais muito acima dos conflitos produzidos por desejos físicos desenfreados ou desnaturalizados. Os estímulos normais aos seres animais e os apetites e impulsos peculiares à natureza física não estão em conflito nem mesmo com as mais altas realizações espirituais, exceto na mente das pessoas ignorantes, mal instruídas ou, infelizmente, extremamente escrupulosas.
Havendo iniciado no caminho da vida eterna, havendo aceito o dever e recebido tuas ordens para avançar, não temais os perigos do esquecimento humano e da instabilidade mortal; não vos preocupeis com receio do fracasso ou com a confusão desconcertante; não hesiteis nem questioneis vossa condição e posição pois nas horas sombrias, em cada encruzilhada da luta para seguir adiante, o Espírito de Verdade sempre falará, dizendo: "Este é o caminho". 34:7.7-8
Quando se trata de conflitos cruciantes e bem definidos entre as mais elevadas e as mais modestas tendências das raças, entre o que realmente é certo ou errado (não simplesmente o que poderias chamar de certo ou errado), podeis contar com o Modelador que sempre participará de alguma forma definida e ativa em tais experiências. O fato de que tal atividade do Modelador possa ser inconsciente para o companheiro humano não diminui, nem no mínimo, seu valor e sua realidade. 108:5.9
O grande problema da vida é a adaptação das ancestrais tendências de viver as exigências dos impulsos espirituais, iniciados pela presença divina do Preceptor de Mistério. Embora na caminhada no universo e no supra-universo nenhum homem possa servir a dois amos, na vida que viveis agora em Urantia cada homem deve forçosamente servir a dois amos. Deve ser hábil na arte do compromisso humano temporal contínuo concedendo ao mesmo tempo a lealdade espiritual a um só amo; por isso tantos tropeçam e fracassam , esgotam-se e sucumbem à pressão do esforço evolutivo. 109:5.4
A mente humana não suporta bem o conflito da dupla lealdade. É extenuante para a alma suportar a experiência de esforçar-se para servir ao bem e ao mal. A mente supremamente feliz e eficientemente unificada é aquela completamente dedicada a fazer a vontade do Pai Celestial. Os conflitos não resolvidos destroem a unidade e podem findar na ruptura da mente. Mas não se fomenta o caráter de sobrevivência da alma tentando-se assegurar a paz mental a qualquer preço, abandonando aspirações nobres ou comprometendo ideais espirituais; mais propriamente, tal paz se alcança pela afirmação inquebrantável de triunfo do que é verdadeiro e esta vitória se consegue vencendo-se o mal com a poderosa força do bem. 133:7.12
"Se bem que experimentareis grande gozo no serviço de meu Pai, deveis também vos preparar para as dificuldades, pois vos advirto que somente com muita tribulação é que muitos entrarão no reino. Mas os que têm encontrado o reino, seu gozo será pleno, e serão chamados os bem-aventurados de toda a terra." 137:6.5
Necessita-se tempo para que homens e mulheres modifiquem, de forma ampla e radical, seus conceitos básicos e fundamentais de conduta social, atitudes filosóficas e convicções religiosas. 152:6.1
"Tu sabes que muito freqüentemente os homens são levados à tentação pelo ímpeto de seu próprio egoísmo e pelos impulsos de sua natureza animal. Quando fores tentado desta maneira, advirto-te que, honesta e sinceramente reconheças a tentação exatamente pelo que ela é e que ao mesmo tempo redireciones com inteligência as energias do espírito, da mente e do corpo, que buscam se expressar por canais mais elevados, rumo à metas mais idealistas. Assim poderás transformar as tentações no mais elevado tipo de ministério mortal edificante, evitando quase completamente esse conflito ruinoso e debilitante entre a natureza animal e a natureza espiritual." 156:5.4
A todos os crentes, avise de antemão que terão de atravessar um mar de conflitos ao passar da vida, como é vivida na carne, à uma vida mais elevada, como é vivida no espírito. Aos que vivem completamente num dos âmbitos, existe muito pouco conflito ou confusão mas todos estão destinados a experimentar maior ou menor insegurança nos tempos de transição entre os níveis do viver. Ao entrar no reino, não podes escapar de tuas responsabilidades nem evitar tuas obrigações, porém recorda : o jugo do evangelho é leve e a carga da verdade é suave. 159:3.7
Ensinai a todos os crentes que os que entram no reino não se tornam imunes aos acidentes do tempo nem às catástrofes ordinárias da natureza. Vossa crença no evangelho não evitará os problemas mas vos assegurará atuar sem medo quando os problemas vos colherem. Se ousardes crer em mim e se me seguirdes de todo o coração, ao assim fazê-lo certamente entrareis numa senda, em verdade, difícil. Não prometo libertar-vos do mar de adversidades, mas vos prometo que atravessarei todas elas convosco. 159:3.13
Passo 12: Perseverando na busca
Perseveramos na busca confiando no programa de Deus para nossa iluminação espiritual. Procuramos a sabedoria para entender e a paciência para esperar na vontade de Deus em todas as coisas.
O Eclesiastes nos conta que para cada coisa há um tempo. As maçãs não amadurecem após a primeira geada porque assim queremos, mas porque seu tempo chegou. No que toca aos outros, o que queremos raramente acontece de acordo com o desejado em nosso programa, se muito. As conseqüências de nossas ações zombam de nosso controle, afetadas como elas são por fatores incógnitos, além de nosso horizonte, e pequenas falhas e contratempos nos permitem crescer na fé enquanto aguardamos os resultados finais dos acontecimentos. Os resultados visíveis podem demorar bastante, ou podem jamais considerar nossas ações, apresentando-nos situações nas quais o exercício da paciência nos ensina a fazer o certo e o bom por sua própria causa. Se fosse ser considerada uma recompensa imediata por ajudar ao outro, tal serviço poderia se tornar nada mais que um cálculo egoísta, inaceitável para Deus, que requer que sirvamos aos outros por amor, sem desejo ou expectativa de recompensa pessoal.
Deus tem um programa perfeito para nossa iluminação espiritual e, conhecendo todas as coisas, entrelaça de algum modo todas as circunstâncias aparentemente fortuitas da vida, todas as atitudes, todas as ações numa tapeçaria pessoal de simetria individual rica e ademais única. O Pai rege as interassociações de todas as circunstâncias e gera nosso crescimento quando o tempo é adequado. Podemos desejar intensamente que um acontecimento se manifeste, mas nossos desejos pouco ou de nada servem no que é divinamente possível nas circunstâncias e com as pessoas envolvidas para que as conformá-las à nossa visão. As ocasiões iludem nosso controle frágil; as oportunidades surgem como trutas por trás dos seixos de um rio e jamais reaparecem, não importa quão pacientemente arremessemos a linha.
Jamais deveríamos esperar conseguir de imediato tudo o que almejamos, sabendo que a vida simplesmente não funciona desta forma e que o fruto da impaciência é a frustração e a amargura. O viver diário prova que muitas vezes é necessário suportar situações desagradáveis, e até por períodos longos. A fé também nos ensina mas, por acréscimo, ajuda-nos a compreender quão oportuna é a mansidão. Antes, quanta paciência poderíamos invocar na ausência de alternativas viáveis; agora, vemos o bem maior em esperar no programa de Deus. O Pai nos deu nova percepção da obra de seu universo, e concordamos com a retitude da mesma.
A persistência é especialmente importante em nossas orações. A maioria dos problemas pelos quais suplicamos não comportam soluções fáceis, mas devemos manter o ânimo. Receberemos respostas, que talvez se demorem porque uma resposta melhor que a que tínhamos considerado esteja em vista. Não importa o que, devemos perseverar e nunca desistir, mantendo uma confiança inabalável na boa vontade e misericórdia de nosso Pai, e em sua intenção de nos conceder os desejos retos de nosso coração.
A paciência nos é bem oportuna em todos os aspectos de nossa vida. Aguardamos na palavra de Deus, reconhecendo que é ele quem governa e não nós. Compreendendo que nossa vida e nosso caminho estão seguros nas mãos amorosas e toda-poderosas de nosso Pai, encontramos contentamento emocional e paz interior. Abandonamos as práticas fúteis e frustrantes de tentar forçar os acontecimentos através do filtro preconcebido de nossas expectativas pessoais ou tentando fazer os outros se conformarem à nossa visão pessoal para suas vidas. Qualquer que seja a situação, ela simplesmente é. Nosso dever é trabalhar arduamente de acordo com nosso senso de direção divina, aceitando o mundo como ele é, rejeitando toda tentação contraproducente de projetar nossos resultados favoráveis na inexorável procissão de efeitos que seguem as causas ou o livre arbítrio das ações alheias.
A paciência é um traço nobre, mas passivo. A verdadeira persistência engloba a paciência mas requer, além disso, que nos afirmemos vigorosamente na realização do que acreditamos que Deus tem para cumprirmos, ignorando qualquer possível resistência e nunca se dando por vencido. Nada, absolutamente nada pode impedir uma alma completamente dedicada a fazer a vontade do Pai. Sacudimos o desânimo, continuando totalmente confiantes na vitória final da retidão em nós mesmos e no mundo.
Referências do Livro de Urantia:
O Pai Universal revela a todos os seres espirituais e a todas as criaturas mortais, de qualquer esfera e de qualquer mundo do universo dos universos, toda a clemência e divindade de seu ser capazes de serem discernidas ou compreendidas por tais seres espirituais e criaturas mortais. 1:4.6
Esse, pois, é o curso primário ou elementar que os peregrinos da fé comprovada, que tanto têm viajado no espaço, enfrentam. Porém, muito antes de chegar à Havona, esses filhos que ascendem do tempo têm aprendido a banquetear incertezas, a se fartar de desilusão, a se encher de entusiasmo frente à derrota aparente, a revigorar-se na presença de dificuldades, a exibir coragem indomável ante a imensidão e a exercer uma fé inquebrantável ao se defrontarem com os desafios do inexplicável. Por muito tempo, o grito de batalha destes peregrinos tem sido: "Com Deus, nada — absolutamente nada — é impossível". 26:5.3
Posso te aconselhar a atender ao eco distante do fiel chamado do Modelador à tua alma? O Modelador que habita teu interior não pode deter e nem sequer alterar materialmente tua caminhada de luta no tempo; o Modelador não pode diminuir as dificuldades da vida enquanto atravessas este mundo de trabalho extenuante. O divino morador interior pode tão só pacientemente abster-se enquanto lutas a batalha da vida tal como é vivida em teu planeta; mas poderias, se apenas quisesses — ao trabalhar e se preocupar, ao lutar e labutar — permitir que o valente Modelador te apresente constantemente os quadros do verdadeiro motivo, do objetivo final e do propósito eterno desta luta difícil e penosa com os problemas comuns de teu presente mundo material. 111:7.2
Certo dia, ao perguntar Ganid a Jesus por que não se dedicava a ensinar publicamente, respondeu-lhe: "Filho meu, tudo tem de aguardar sua hora. Nasces no mundo, mas não há ansiedade nem manifestação de impaciência capazes de te fazer crescer. Em todos estes assuntos, há que se dar tempo ao tempo. Somente o tempo amadurecerá a fruta verde na árvore. Uma estação sucede à outra, e o pôr do sol segue ao nascer do sol apenas com o passar do tempo. Agora estou a caminho de Roma contigo e com teu pai e isso é o suficiente por hoje. Meu amanhã está totalmente nas mãos de meu Pai no céu". 130:5.3
A oração é o alento da alma e deve conduzir-vos a persistir em vosso intento de conhecer a vontade do Pai. Se algum de vós tem um vizinho e vai vê-lo à meia-noite para dizer-lhe: "amigo, empresta-me três pães pois acaba de chegar um viajante amigo meu, e nada tenho para lhe dar", e teu vizinho responde: "não me amoles; minha porta já está fechada e eu e meus filhos já estamos deitados; por isso não posso levantar-me e te dar o pão", mas perseverarás e explicarás que teu amigo tem fome e que não tens comida para lhe dar. E eu te digo que se teu vizinho não quiser levantar-se para te dar pão por amizade, se levantará e te dará tantos pães quanto necessites simplesmente para que não o importunes mais. Assim, pois, se a perseverança ganha o favor de um simples mortal, imagina quanto mais ganhará vossa perseverança no espírito, em pão da vida das mãos generosas do Pai no céu. Novamente vos digo: "pedi e vos será dado; buscai e achareis; batei à porta e ela vos será aberta. Pois o que pede, recebe; o que busca, acha e ao que bate à porta da salvação, esta lhe será aberta". 144:2.3
Nessa mesma noite Jesus fez aos apóstolos o inolvidável discurso sobre o valor relativo da condição perante Deus e do progresso na ascensão eterna ao Paraíso. Disse Jesus: "Filhinhos meus, se existe uma ligação viva e verdadeira entre o filho e o Pai, com certeza o filho progredirá continuamente em direção aos ideais do Pai". É verdade que, no princípio, o filho poderá progredir lentamente mas esse progresso será, todavia, seguro. O importante não é a rapidez de vosso progresso mas sim sua certeza. Vossa realização atual não é tão importante quanto o fato de que vosso progresso é em direção a Deus. O que chegais a ser dia após dia é infinitamente mais importante que o que sois hoje. 147:5.7
Passo 13: Adquirindo perspectiva
Começamos a apreciar as inevitabilidades e as compensações da vida à medida que principiamos nossa infindável exploração da criação de Deus.
De uma perspectiva humana, muito da vida parece ser injusto ou trágico. Um acidente de automóvel, uma carta inesperada - o menor giro do caleidoscópio e tudo se modifica. A perspectiva espiritual é um horizonte mais largo, que reconhece a autoridade absoluta de Deus sobre o mundo invisível, que ampara a criação física e é subjacente à ela. Os caminhos de Deus parecem misteriosos apenas porque as limitações de nossa perspectiva nos impedem de entender a verdadeira natureza dos eventos. Os acontecimentos do dia-a-dia de nossa vida são mais fáceis de serem aceitos logo que compreendemos que a mão de Deus também causa, ou permite, tudo o que acontece. Tal perspectiva nos conforta no abatimento da tristeza, quando chegamos a compreender que nosso Pai pode transformar mesmo a dor da angústia no coração num bem real. Deus nos dá o que é bom, ao passo que permite o que é desagradável apenas quando seus planos requerem que se remova algo, uma situação ou um relacionamento que se encontra no caminho de expansão da nossa alma, ou quando tais acontecimentos auxiliarão na construção em nós do aço temperado do caráter genuíno. Nosso Pai não nos livra do sofrimento mas o suporta conosco, em amorosa companhia.
Jamais Deus quer que qualquer de seus filhos seja ofendido, mas ele permite que coisas dolorosas aconteçam quando elas se fazem necessárias para que aprendamos as lições da vida e mesmo então ele transforma o sofrimento que experimentamos em educação que enriquece nossa alma. Com nossa cooperação, ele transmuta até mesmo nossas experiências lamentáveis em bem final infundindo-os de valor espiritual, entrelaçando nossos erros e negligências em seu plano que abarca o todo, para a evolução dos universos.
Algumas das tragédias da vida são causadas por circunstâncias físicas inseparáveis da vida num planeta governado por leis físicas confiáveis, tais como quando uma avalanche esmaga um alpinista despreparado. As rochas caem por causa da gravidade, uma lei física ordenada por Deus que sempre puxa para baixo objetos em desequilíbrio e sem apoio. A morte do alpinista é uma tragédia para ele e para aqueles que o amavam ou que dele dependiam, mas seria uma tragédia ainda maior se a gravidade se tornasse uma força caprichosa na qual não se pudesse confiar para um trabalho consistente. Por outra perspectiva o livre arbítrio requer que o montanhista não seja prevenido de escalar pela rota perigosa, de sua escolha, porque o plano de Deus para nossa educação e avanço necessita que estejamos em contato com a realidade, sem abrandamento e que, de modo relativo, exercitemos uma total liberdade de ação se desejamos crescer.
Outras tragédias são causadas pela malícia ou incúria de algumas pessoas para com as outras. Deus permite tais ofensas porque seu respeito pelo nosso livre arbítrio se aplica ao bem assim como ao mal, e o autêntico livre arbítrio deve abarcar a liberdade de agir de forma errada. Nosso Pai deseja que seus filhos e filhas amem e sirvam aos outros voluntariamente, num desejo sincero, e isso requer liberdade para agir de outra maneira. Mas quando a ofensa atinge aqueles cuja vida é dedicada a ele, quer seja causada por forças físicas ou pela atividade de outros, o Pai reconfigura o resultado de tais acontecimentos dolorosos ou ações maléficas em bem final para todos os interessados.
Quem pode sondar a majestade do Criador ou prefigurar sua presciência ou sua sabedoria? Quem poderia ter planejado, de modo mais perfeito, sua própria vida? Quem crê que seu próprio julgamento é mais confiável ou que sua motivação é maior? De quem é a inteligência que melhor compreende as conseqüências dos acontecimentos que se estendem por galáxias e eras? O Pai das luzes vive e assenta-se sobre a criação no eterno presente, sustentando e mantendo a existência de cada ser e coisa através da insondável sabedoria de sua mente infinita. Ver a vida como o Pai o faz é vê-la em perspectiva mais real, na qual descobrimos seus propósitos por entre as conversas variadas da vida diária, adquirindo forças ao viver como se o enxergássemos, a ele que é invisível.
Sentados num penhasco rochoso, lançamos o olhar sobre a cidade conforme o sol se põe atrás de nós. As luzes das ruas acendem-se gradualmente, em listas aleatórias, e assistimos a um grupo de carros enfileirados no caminho do trabalho ao lar. Ponderamos as vidas e problemas discrepantes representados por aqueles faróis — os empregos que estão deixando e suas famílias, amigos ou a solidão à qual retornam. Como o Pai é capaz de referir-se a cada um deles ultrapassa o entendimento humano; tão só sabemos que ele o faz. Deus vive de modo transcendental no Paraíso, mas também em todo coração. Seu chamado de amor ecoa por corredores desertos e seus braços suportam o ferido. Sua majestade sacode robustas montanhas e seus olhos nada perdem. Ele atravessa as eras para nos encontrar onde e como somos, e nos convida a tomar o lugar pretendido por nós na interminável expansão do universo feito por ele. À medida que nossa caminhada espiritual continua, aprendemos mais sobre os eternos propósitos de Deus, um pouco aqui, outro tanto lá, e cada vez mais acumulamos uma perspectiva cósmica que nos preenche. Experimentamos o amor de nosso Pai e nos tornamos mais seguros de que ele sempre está conosco.
Referências do Livro de Urantia:
A confusão e o tumulto em Urantia não significam que os Governantes do Paraíso careçam de interesse ou de habilidade para conduzir os assuntos de forma distinta. Os Criadores possuem pleno poder para fazer de Urantia um verdadeiro paraíso, mas tal Éden não contribuiria para o desenvolvimento daqueles traços fortes, nobres e experimentados que os Deuses com tamanha certeza forjam em vosso mundo entre a bigorna da necessidade e o martelo da angústia. Vossas ansiedades e vossos pesares, vossas provas e desilusões, tanto são parte do plano divino em vossa esfera como o são a perfeição rara e a adaptação infinita de todas as coisas ao seu propósito supremo nos mundos do universo central e perfeito. 23:2.5
Mas inerente a esta capacidade de realização está a responsabilidade da ética, a necessidade de reconhecer que o mundo e o universo estão plenos de uma multidão de diferentes tipos de seres. Toda esta magnífica criação, incluindo a ti mesmo, não foi feita somente para ti. Este não é um universo egocêntrico. Os Deuses têm decretado: "É mais nobre dar que receber"; e disse vosso Filho Soberano: "O que for o maior entre vós, seja o servidor de todos". 28:6.18
O universo dos universos, incluindo este pequeno mundo chamado Urantia, não se administra meramente de acordo com nosso beneplácito nem com nossa conveniência, muito menos conforme nossos caprichos ou para satisfação de nossa curiosidade. Os seres sábios e todo-poderosos que têm a responsabilidade da administração do universo, indubitavelmente sabem bem o que têm de fazer; e assim, condiz aos Portadores da Vida e cabe à mente mortal abraçar a causa em paciente espera e entusiástica cooperação com as regras da sabedoria, o reino do poder e a marcha do progresso. 65:5.3
Vós, humanos, haveis começado um desdobrar sem fim de panorama quase infinito, uma expansão sem limites e sem fim, de esferas de oportunidade em constante ampliação para o serviço regozijante, a aventura ímpar, a sublime incerteza e o alcance ilimitado. Quando as nuvens se acumulam no alto, vossa fé deve aceitar o fato da presença do Modelador interior, e assim deverias poder contemplar, além das névoas da incerteza mortal, o brilho claro do sol da retitude eterna nas acolhedoras alturas dos mundos de morada... 108:6.8
Os mortais, cujas unidades de tempo são curtas, praticam a paciência; a verdadeira maturidade transcende a paciência pela mansidão nascida do real entendimento.
Amadurecer significa viver mais intensamente no presente, escapando ao mesmo tempo das limitações do presente. Os planos da madureza, fundados na experiência passada, estão se concretizando no presente para, de tal maneira, enaltecer os valores do futuro.
A unidade de tempo da maturidade concentra o significado-valor no momento presente de uma maneira tal como para divorciar o presente de sua autêntica relação com o não presente, o passado-futuro. A unidade de tempo da maturidade está dimensionada para assim revelar a relação coordenada do passado-presente-futuro em que o eu começa a adquirir discernimento na totalidade dos acontecimentos, começa a visualizar a paisagem do tempo a partir de uma perspectiva panorâmica de horizontes ampliados, começa talvez a pressentir o contínuo eterno, sem começo nem fim, cujos fragmentos se chamam tempo. 118:1.6-8
Não desanimeis ao descobrir que sois humanos. A natureza humana pode ter tendência ao mal, mas não é inerentemente pecaminosa. Não fiqueis deprimidos por vossa incapacidade de esquecer por completo algumas de vossas experiências mais lamentáveis. Os erros que não podeis esquecer no tempo serão esquecidos na eternidade. Aliviai a carga de vossa alma adquirindo depressa uma perspectiva mais ampla de vosso destino, uma expansão no universo de vossa caminhada. 156:5.8
Infalivelmente, os seres humanos se desalentam quando vêem unicamente as efêmeras transações do tempo. O presente, quando divorciado do passado e do futuro, torna-se exasperantemente trivial. Somente um vislumbre do círculo da eternidade pode inspirar o homem a dar o melhor de si mesmo e fomentar o melhor que há nele à sua expressão máxima. 160:2.9
"Não se atribule vosso coração; todas as coisas trabalham juntas para a glória de Deus e para a salvação dos homens." 182:2.1
Ensinou os homens a terem a si mesmos em grande estima, no tempo e na eternidade. Por causa da grande estima que Jesus tinha pelo homem, estava disposto a investir no serviço incansável à humanidade. E foi este valor infinito do finito que fez a regra de ouro, um fator vital em sua religião. Que mortal pode deixar de sentir-se elevado pela fé extraordinária que Jesus tem nele? 196:2.10
Passo 14: Adquirindo fé
Adquirir a fé que Deus planejou para nós é incomparavelmente melhor que qualquer um de nossos próprios projetos, e nossa maior felicidade consiste em fazer sua vontade. Experimentamos a liberdade espiritual de aceitar do Pai nossas incumbências em prol dos resultados dos acontecimentos que tomamos ao nosso encargo, na fé.
A fé é uma expressão de uma lei universal baseada na confiança sincera no Soberano dos universos e em sua capacidade de executar, sem limites ou obstáculos, sua vontade na terra e em nossa vida. Mas como podemos conhecer a vontade de nosso Pai à medida que os caminhos e as oportunidades aparecem e se modificam ante nós? Como podemos saber com maior segurança se estamos fazendo sua vontade conforme tentamos responder à direção divina interior de nossa alma?
Neste mundo há poucas coisas das quais alguém pode estar realmente seguro; a bifurcação na estrada muitas vezes está diante de nós antes que estejamos prontos para escolher nosso caminho, e retardar pode prejudicar a oportunidade. Em tal caso devemos simplesmente agir, confiando na orientação divina. Se temos suplicado pelo conhecimento da vontade de Deus numa situação particular, quando chega a hora da decisão, evitar a ação por estarmos paralisados pelo medo de que podemos errar faz do erro uma certeza virtual.
Quando estamos fazendo o melhor para viver a vontade do Pai, somos chamados a agir decididamente com fé, mesmo quando a questão é nebulosa e estamos confusos. Hesitação, timidez e meias-medidas envenenam a fé e sentenciam ao malogro mesmo uma escolha, por outro lado, correta. Quando chega a hora da decisão, deveríamos ser capazes de dizer, "Pai, este é o rumo que acredito desejas que eu tome e a menos que me digas de outra maneira, vou caminhar avante nessa direção".
As nações constroem frotas que, em tempos de guerra, podem travar combate com o inimigo, e não para ficar em segurança no porto. Do mesmo modo, Deus nos colocou na terra para participar da vida e por essa razão preocupa-se ao ver-nos covardemente atracados por medo do que os mares altos da vida podem conter, receosos de experimentar aquilo pelo qual ele nos colocou aqui. Ele quer que nos lancemos confiantes de que ele pode e adaptará nossos rumos ao longo dos caminhos mapeados pela sabedoria infinita.
A fé-ação de ser tomada a encargo em total confiança ou, de outro modo, onde está a fé? Em tal situação, ainda que erremos, Deus tornará nossa escolha correta e trará um bom resultado, apesar de nossos enganos. Quando nosso rumo comporta a verdade maior, a bondade e o amor, e os levamos conosco de acordo com a direção divina e no melhor de nossa capacidade, ele torna certo aquele rumo, mesmo que a decisão, por si, possa ter tido até um alto grau de imperfeição. O Pai conhece as limitações de nossa mente e de nossa natureza, aceita-nos como somos, e acomoda seus planos de perfeição para que se amolde às circunstâncias de seus filhos aqui na terra, permitindo assim que sejamos companheiros dele na realização de nosso destino eterno.
Os atos de fé sempre são consistentes com a verdade, a beleza, a bondade e o amor e quando estamos confusos quanto à direção do Pai, esses valores sugerem sua vontade pois é inconcebível que Deus nos conduza a fazer qualquer coisa inverídica, torpe ou desamorosa. A maioria dos problemas diários carecem de uma dimensão espiritual óbvia; de qualquer modo, devemos fazer nossas escolhas baseados no usual senso comum apoiados pelo conselho sadio dos amigos. Mesmo nessas situações, não devemos descuidar do senso da direção de Deus pois, como um bom pai, ele se interessa pelos detalhes de nossa existência diária, para que vivamos uma vida feliz e produtiva mas especialmente para que nossa alma prospere.
A fé injeta a força de Deus nos acontecimentos de nosso mundo trivial, infundindo-o de divino propósito. A fé não é simplesmente a convicção de que Deus existe, mas de que ele age e que é poderoso para nos auxiliar nas batalhas da vida. A fé desata a energia interior que quebra toda barreira, que ganha de todo inimigo, que domina todo vício, que subjuga toda inabilidade e que sossega todo medo. A fé assenta nossos pés na eterna estrada, no fim da qual está o Paraíso e Deus mesmo. A fé liga nosso coração ao Soberano dos universos e revela metas, propósitos e visões que nos capacitam a percorrer a distância final após, de forma terrena, malograrem todas as coisas.
O Pai das luzes caminha ao lado da carruagem de nossos sonhos, aclarando o caminho ante os puros de coração. Deus concede a paz interior àqueles cuja fé está ancorada à rocha de sua soberania, àqueles que compreendem que ele faz bem todas as coisas. Quer a vida seja longa ou curta, a fé sustenta a grande realização humana e impele nossa alma para a vida eterna, onde igualmente grandes realizações acenam aos filhos e filhas de Deus.
A fé é o processo pelo qual chegamos a conhecer nosso Fazedor. A fé esclarece mistérios, abre as portas das prisões, explora profundezas cavernosas e salva almas que caíram na armadilha da desesperança ou da corrupção. A fé educa o jovem estudioso do espírito; sua rede nos traz todas as boas coisas quando a lançamos corajosamente. A fé abre olhos antes cegos pelas distrações de uma era materialista mas nunca nos mostra tudo o que podemos ver pois o Criador infinito, em quem nossa fé se focaliza, reside em mistério inescrutável. Por meio da nossa fé, o Pai tranqüiliza nossos pensamentos distraídos, conforta nossa alma e ilumina os caminhos do viver reto no reino do espírito, onde Deus tem preparado nosso eterno lar.
A fé conforta a alma perturbada do homem moderno e sossega sua mente cercada de tensões e estresses da existência física. A fé abre nossa alma para Deus, que nos envolve, revelando o que é mais proveitoso na existência humana.
Deus recolhe as migalhas de nossa fé e as multiplica em cestos cheios. Ele nos toma como crianças confusas, e devolve como santos amadurecidos. Deus se inclina para o jardim de nossa fé com ferramentas afiadas, de olhar atento e num contato amoroso. Ele faz girar o mundo para que o sol possa nutrir nossas folhas e impele as nuvens para que elas nos sirvam. Ele busca as raízes superficiais, os rebentos vulneráveis de nossa fé, arranca a erva daninha asfixiante e poda nossos galhos errantes para que, no seu tempo, possamos nos tornar árvores maduras.
Mais adiante em nossa jornada, o que tão só se acreditava converte-se em conhecido. Mas o objeto da fé move-se sempre para mais alto, do que nossa mente possui em plenitude ao que ainda está por focalizar-se : a colina sobre a cadeia de montanhas, ainda enevoada para o peregrino viajante, um desafio ao fortalecimento de seus pés. A fonte da fé é só Deus, que também é o destino, o lar rumo ao qual viajamos e a quem percebemos sempre mais claro como Pai.
Referências do Livro de Urantia:
A providência de Deus consiste nas atividades entrelaçadas dos seres celestiais e dos espíritos divinos que, de acordo com as leis cósmicas, laboram incessantemente para honrar a Deus e pelo avanço espiritual de seus filhos do universo. 4:1.1
No homem mora espiritualmente um Modelador do Pensamento, que sobrevive. Se a mente deste homem está sincera e espiritualmente motivada, se a alma humana deseja conhecer a Deus e parecer-se com ele, se com franqueza deseja fazer a vontade do Pai, não existe influência negativa de carência mortal nem força positiva que possa interferir para tolher a ascensão da alma divinamente motivada, seguramente, aos portais do Paraíso. 5:1.7
A mente mortal pode imediatamente pensar em mil e uma coisas — catástrofes físicas, acidentes espantosos, desastres horríveis , enfermidades dolorosas e calamidades mundiais — e indagar-se se tais sucessos estão em correlação com os desígnios desconhecidos da provável ação do Ser Supremo. Francamente, não o sabemos : não estamos realmente seguros. Mas observamos que, conforme o tempo passa, todas estas situações difíceis e mais ou menos misteriosas têm sempre como resultado o bem-estar e o progresso dos universos. 10:7.5
Existe um propósito grande e glorioso na marcha dos universos através do espaço. Todas as vossas lutas mortais não são em vão. Somos todos parte de um imenso plano, uma gigantesca empresa e é a vastidão desta empresa o que converte em impossível poder ver muito dela num determinado tempo, durante uma vida qualquer. Todos formamos parte de um projeto eterno que os Deuses estão supervisionando e efetuando. Majestosamente, a totalidade do mecanismo universal segue sua marcha através do espaço ao compasso da música do pensamento infinito e do eterno propósito da Primeira Grande Fonte e Centro.
O eterno propósito do Deus eterno é um ideal altamente espiritual. Os acontecimentos do tempo e as lutas da existência material não são senão o andaime transitório que faz uma ponte com o outro lado, com a terra prometida da realidade espiritual e da existência celestial. 32:5.1-2
Na mente de Deus há um plano que envolve cada criatura de todos os seus vastos domínios e este plano consiste num eterno propósito de amplas oportunidades, de progresso ilimitado e vida sem fim. E os tesouros infinitos dessa caminhada incomparável são vossos apenas por lutar!
O objetivo da eternidade os aguarda! A aventura do alcance da divindade encontra-se diante de vós! A caminhada pela perfeição prossegue! Quem quer que deseje pode participar e a vitória certeira coroará os esforços de cada ser humano que participa da caminhada de fé e esperança , a cada passo contando com a orientação do Modelador interior e com a direção desse bom espírito do Filho do Universo, que prodigamente tem se derramado por toda a carne. 32:5.7-8
Conquanto seja totalmente verdade, para quem tenciona e leva a efeito o mal, que o bem não pode provir do mal, é igualmente verdade que todas as coisas (incluindo o mal, potencial ou manifesto) cooperam para o bem de todos os seres que conhecem a Deus, que amam fazer sua vontade e que estão ascendendo ao Paraíso de acordo com seu plano eterno e divino propósito. 54:4.7
Quando os Modeladores do Pensamento moram na mente humana, trazem consigo as caminhadas modelo, as vidas ideais, tal qual determinadas e preordenadas por eles mesmos e pelos Modeladores Personalizados em Divininton, as quais tem sido certificadas pelo Modelador Personalizado de Urantia. Assim iniciam sua tarefa com um plano definido e predeterminado para o desenvolvimento intelectual e espiritual de seus sujeitos humanos, mas não é obrigação de nenhum ser humano aceitar este plano. Estais todos sujeitos à predestinação, mas não está preordenado que deveis aceitar esta predestinação divina; tendes plena liberdade para rejeitar qualquer parte ou todo o programa dos Modeladores do Pensamento. 110:2.1
"A ação é nossa; as conseqüências, de Deus." 117:5.5
"Ganid, tenho absoluta confiança na proteção de meu Pai celestial. Estou consagrado a fazer a vontade de meu Pai, que está no céu. Não creio que possa acontecer-me algum dano real; não creio que a obra de minha vida possa realmente estar em perigo sob o mando opressor de meus inimigos e certamente não temos violência alguma a temer por parte de nossos amigos. Estou absolutamente convencido de que o universo inteiro é cordial para comigo — insisto em crer nesta verdade toda-poderosa com a mais sincera confiança, em que pese as aparências em contrário." 133:1.4
Os demais, ao verem que Maria havia ido saudar a Jesus, retiraram-se à curta distância, enquanto Marta e Maria estavam com o Mestre e dele recebiam palavras de consolo e exortações para manterem-se firmes em sua fé no Pai e resignarem-se completamente à vontade divina. 168:0.11
Passo 15: Experimentando segurança
Apreciamos melhor o encorajar incessante de Deus ao nosso crescimento espiritual. Tornamo-nos inteiramente confiantes no amor incondicional de nosso Pai e começamos a experimentar aquela paz interior que ultrapassa a compreensão.
O esgotamento de nossos recursos íntimos o demonstra e nossos ombros caem como se suportassem baldes de lama. Quando o medo ou a culpa sobrecarregam nossa mente, não somos capazes de agir efetiva ou decididamente mas quando nosso estado íntimo está em harmonia com o universo, pouco pode nos parar : as estradas se endireitam sob nossos pés, exércitos invisíveis nos amparam na batalha, grandes problemas se encolhem, pequenos problemas desaparecem, fantasmas interiores somem e nossa mente se aclara para a ação efetiva.
O amor de Deus é incondicional e a garantia que ele dá desse amor sempre esteve disponível. Como um agricultor lançando as sementes de milho no solo indiferente, o Pai oferece continuamente sementes espirituais de fé e amor às nossas mentes não-receptivas, na esperança de que ao menos algumas deitem raízes. Ele conhece nosso tempo e as ocasiões, quando regar e quando adubar, fazendo sempre o máximo daquilo que lhe ofertamos. O conforto e a segurança que experimentamos de modo crescente demonstram que ao menos um pouco destas sementes começaram a se desenvolver. Conhecemos esta paz espiritual quando a temos mas, de modo muito mais vívido, quando destituídos e despojados ao parecer estar temporariamente além do nosso alcance.
Existe um ritmo na vida e nos casos humanos; a paz duradoura e profunda nem sempre é alcançável. As emoções nascem do sobe e desce das circunstâncias e nos sentimos como se entrássemos e saíssemos da sincronia como nosso Fazedor. Não obstante, Deus não quer que nos retiremos em reclusão para evitar distúrbios e confusões, inseparáveis de uma vida ativa mas, antes, ele deseja que levemos conosco sua segurança, uma cortina cintilante de sanidade para envolver os problemas deste mundo de dissensões e lágrimas, para que os vejamos de outra forma, em paz e perspectiva.
Os resultados de nosso trabalhos são incertos, mas nossas metas não. Enxergamos nosso mundo através de lentes, de modo obscurecido, mas a paz permeia e banha nossa alma com a confiança. Não sabemos aonde a estrada conduz, somente que o amor de Deus repousa sobre nós, oferecendo-nos a recompensa das idades; estamos manchados com a sujeira do viver diário mas, por dentro, estamos limpos.
Tudo parece bem quando, repentinamente, o dia começa a ficar escuro e os trovões que se avizinham sacodem a terra como uma barragem de artilharia. Relâmpagos dançam por entre nuvens pardas e revoltas, ferindo o céu. Um temporal de granizo anuncia a beira da frente de batalha e então toda a força da tempestade está sobre nós — árvores se racham, explodindo à medida que raios faiscantes buscam a terra; fragmentos de vidro quebrado das janelas arrebentadas estouram sobre nossa família encolhida; ventos assaltam os beirais da casa, a estrutura verga; divisórias e telhas se rompem e se batem violentamente como a macela sobre o campo. Seguramos nossos filhos aterrorizados bem apertado e suplicamos a Deus para que os proteja mas, por nós, não nos queixamos dos ferimentos ou ainda da morte pois confiamos as conseqüências dos acontecimentos além de nosso controle às mãos de Deus, serenos e seguros sob seu amor e poder.
Quando a turba viciosa se enfurece às portas da cidade; quando os milhares de dentes da engrenagem trituram nossos planos, levando-os ao malogro; quando as ondas da tempestade inundam nossas amuradas rasas; quando os parentes nos rejeitam, os amigos abandonam e os inimigos se regozijam com nosso mal; quando o dinheiro esbanjado significa nossa bancarrota; quando o telefone não traz nada além de novas que detestamos e todas as coisas oscilam de modo terreno - ainda há um lugar onde estamos seguros; existe Alguém que conforta nossa alma na mais escura noite.
Pai, amamos a ti pelo que tu és e por tudo o que fazes por nós. Precisamos de sua ajuda quando nos ferimos e sabemos que respondes antes mesmo que te perguntemos. Tu nos deste nossa vida e a graça de suportar. Anelamos conhecer com plenitude a presença de teu espírito. Tu atendes às súplicas de nossa alma e nos conta os segredos das esferas, antes das palavras, e após auscultar. Outros gritam porém tu sussurras, banhando nossa alma em luz eterna. Falas a língua dos corações, estendendo a orla do inescrutável, do além do conhecimento humano. Ensinaste a gaivota a voar, modelaste o álamo e o salgueiro e criaste cada erva daninha e cada cristal. Acima de tudo e antes de tudo, te adoramos, Fonte de vida.
Referências do Livro de Urantia:
Ao homem mortal, é impossível conhecer a infinitude do Pai celestial. A mente finita não pode conceber tal verdade ou fato absoluto. Mas este mesmo ser humano finito pode realmente sentir - literalmente experimentar - o efeito pleno e sem diminuição do AMOR desse Pai infinito. 3:4.6
Se o homem mortal estiver espiritualmente motivado de todo coração e, sem reservas, consagrado a fazer a vontade do Pai, então, posto que está certa e efetivamente dotado pelo Modelador divino que habita em seu interior, não pode deixar de materializar na experiência desse ser a consciência sublime de conhecer a Deus e a excelsa segurança de sobreviver com o propósito de encontrar a Deus ao, progressivamente, fazer-se cada vez mais semelhante a ele. 5:1.6
E quando essa vida guiada pelo espírito é livre e inteligentemente aceita, desenvolve-se gradualmente na mente humana uma consciência inequívoca do divino contato e a certeza da comunhão espiritual; cedo ou tarde, "o Espírito testemunha com teu espírito (o Modelador) que és uma criatura de Deus..."
A consciência da dominação do espírito numa vida humana em breve acompanha-se de demonstrações cada vez maiores das características do Espírito nas reações da vida de tais mortais guiados pelo espírito, "porque os frutos do espírito são o amor, a alegria, a paz, a resignação, a doçura, a bondade, a fé, a humildade, a temperança". Estes mortais, guiados pelo espírito e divinamente iluminados, mesmo quando caminham pelas sendas humildes do trabalho penoso, cumprindo com lealdade humana as obrigações de seus deveres terrenos, já começaram a discernir as luzes da vida eterna que centelham nas orlas distantes de outro mundo; já começaram a compreender a realidade desta verdade inspiradora e reconfortante, "o reino de Deus não é comida nem bebida mas justiça, paz e alegria no Espírito Santo". Através de cada prova, frente a cada penúria, as almas nascidas do espírito são sustentadas pela esperança que transcende todos os temores, porque o amor de Deus se espalha por todos os corações através da presença do Espírito divino. 34:6.12-13
Jesus ilustrou a profunda segurança do mortal que conhece a Deus quando disse: "Para um crente do reino, que conhece a Deus, que importa se todas as coisas mundanas sucumbem?" A segurança temporal é vulnerável, mas a certeza espiritual é inabalável. Quando as marés da adversidade humana, do egoísmo, da crueldade, do ódio, da maldade e da inveja golpeiam a alma mortal, podeis repousar na segurança de que existe um bastião interior, a cidadela do espírito, que é absolutamente inatacável; isso, ao menos, é verdade acerca de cada ser humano que dedicou a guarda de sua alma ao espírito do Deus eterno que mora em seu interior. 100:2.7
"Quanto ao reino e à vossa certeza de que sereis aceitos pelo Pai celestial, permitam-me perguntar-vos que pai entre vós, digno de ser chamado pai e com coração terno, abandonaria seu filho na ansiedade ou no suspense sobre sua condição dentro da família ou sobre a garantia de lugar no afeto do coração de seu pai? Acaso vós, pais terrestres, vos comprazem torturando vossos filhos com incertezas sobre ocupar um lugar de amor em vosso coração humano? Tampouco vosso Pai no céu abandona seus filhos de fé do espírito na incerteza de não saber qual é sua posição no reino. Se recebeis a Deus como vosso Pai, então de fato e em verdade sereis filhos de Deus. E se sois filhos, vos encontrareis seguros de vossa posição em tudo quanto se refere à filiação eterna e divina." 142:5.2
"Venham, pois, todos vós que labutais e levais pesadas cargas e encontrareis descanso para vossas almas. Aceitai o jugo divino e experimentareis a paz de Deus, que está além de toda compreensão." 144:8.8
Quando meus irmãos tiverem autoconsciência da segurança da presença divina, essa fé lhes expandirá a mente, enobrecerá a alma, reforçará a personalidade, aumentará a felicidade, aprofundará a percepção espiritual e aumentará sua capacidade de amar e ser amado. 159:3.12
"Se minhas palavras moram em vós e se quiserdes fazer a vontade de meu Pai, sereis verdadeiramente meus discípulos. Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará." 162:7.2
Passo 16: Aprofundando o companheirismo
Partilhamos nossa vida espiritual plena e mutuamente, crescendo em união e em amizade. Cada vez mais, e mutuamente, estimamos, respeitamos, confiamos e acreditamos.
Para a amizade humana florescer, é necessário que a confiança cresça, o que somente vem através do revelar cada vez maior nosso íntimo. Até que nos tornemos dispostos a nos abrir aos nossos amigos, eles não podem saber quem somos e com o que realmente nos importamos. Alguns guardam seu eu interior como um cofre rebitado, hermético e inexpugnável, a fim de que os outros não vejam o isolamento e os temores que nele habitam. Morcegos voam procurando por uma saída e, sem encontrá-la, retornam a chocar na escuridão.
Segredos cultivam o fungo da pretensão, mas a claridade do conselho de um amigo nos devolvem à realidade saudável à medida que rimos observando nossas recaídas nas esquisitices e falhas. Quando escondemos daqueles que mais amamos alguns aspectos de nossa vida, vivendo a mentira do que não somos, roubamos de nós mesmos a saúde, a sanidade e a felicidade. Confidenciar aos amigos ajuda-nos a resolver contradições insuportáveis que têm ferido nossa personalidade até quase sua ruptura, desde que não recuemos em partilhar com eles nossos mais íntimos pensamentos. Suas palavras compreensivas acabam com nosso isolamento, volvem nosso embaraço em alívio e nos encorajam a não mais fingir.
O amor incondicional dá a tais amigos a permissão para aconselhar sem cerimônias, uma vez que sabemos que eles não têm outro motivo que não o nosso próprio bem-estar e nada que pudéssemos fazer diminuiria sua afeição. Devemos deixar um tal amigo fora do círculo de nossa confiança e sozinhos encarar os terrores da noite quando, expondo nossa alma, ignorando embaraços, eles ceifarão a colheita das promessas da vida? Deve a vergonha pelas deslealdades passadas nos privar daquilo que, por si, nos curará da praga? Nosso amigo, à distância, enxerga o baú trancado de nossa experiência e quer saber o que existe dentro de sua fechadura enferrujada e cintas de ferro forjado. O que mais detestamos em nós, os nossos mais obscuros segredos, quando partilhados em confiança abrem novos mundos para vivermos. Talvez a pedra a mais em nosso rio complete o caminho do jardim de nosso amigo ou o lodo dele pode fazer nossas flores vicejarem.
Os amigos nos sustentam quando não sabemos o rumo e nosso céu está plúmbeo pelas cinzas dos sonhos partidos. Quando a noite chega muito tarde e o dia seguinte muito cedo, quando os pardais abandonam sua cria às garras da águia, a presença de um amigo assenta o medo da mesma forma que a chuva cai numa estrada poeirenta. Nossos amigos ficam conosco nas situações difíceis, salvam-nos da solidão, cercam-nos de amor, partilham de nossas alegrias e nos dão ânimo para lutar as batalhas da vida. Estamos mais seguros e mais fortes quando eles estão por perto pois se o inimigo arrombar as paredes, lutamos juntos, lado a lado.
O isolamento é doloroso, não importa quão próxima é nossa relação com Deus. Evitar a solidão através de relacionamentos de pouca profundidade, torna-a mais real. Sem amigos, mesmo numa sala abarrotada estamos sem esperança, sem ajuda e infelizes. O reino do Pai é um no qual servimos juntos; nunca é uma experiência solitária. Advém força do fato de sabermos que nossos amigos importam-se conosco e que nunca trairiam nossa confiança. Compartilhamos as estradas da vida e juntos trabalhamos para alcançar o objetivo da vida.
Seixos rolantes se acumulam na garganta estreita de nossa mente, sacudindo livres pelos tremores das profundezas; a poeira agita-se e o céu se escurece com a morte iminente. Uma fenda na rocha - uma maneira de escapar? A passagem se aprofunda no interior. Terrores em altos montes, sem caminho de volta, percebemos que o caminho entra na escuridão ignorada. Canelas feridas, andamos às apalpadelas, cegamente pela caverna em direção ao som da queda d’água que, sempre mais alto, nos saúda com as gotículas que pairam no ar. De peito na poça d’água, uma débil corrente nos impele a um frágil brilho refletido.
Contentes por viver ou morrer juntos, uma última inspirada e vamos para baixo, agora velozes, puxados na direção da luz, de encontro à cascata, encolhidos como fetos, sem ar quando - salvação - o fluxo se interrompe para cair num lago escondido da montanha. Um caminho de pedras conduz a um campo de aquilégias sobre o verde vale. Não conhecemos o caminho, mas continuamos indo até que, finalmente, um campo iluminado pelo sol, um fosso protetor, um baluarte de cristal ante a cidade de nossos sonhos, e estamos em casa. A ponte levadiça baixa em correntes reluzentes e entramos em casa, a salvo do pavor.
O Mestre enviou seus seguidores em grupos de dois, para que não desanimassem pela solidão. As melhores amizades se encontram entre aqueles que amam a Deus, que estão dedicados aos propósitos além dos céus, que estão dispostos a serem sacudidos pelas ondas ao perseguirem seus sonhos. Dois a dois, somos mais fortes dentro das camisas justas e engomadas contra os vapores ácidos da vida. Dois a dois, realizamos a vontade de Deus e encontramos sua residência, passados os distantes matagais. Precisamos uns dos outros para conhecer o Pai pois ele vive não apenas em nossos corações mas também no brilho de nossos irmãos. Amizades terrenas revelam Deus e a vida nos mundos celestes.
Referências do Livro de Urantia:
Estes são os anjos que buscam despir de toda artificialidade as parcerias dos seres inteligentes, enquanto se empenham para facultar a interassociação das criaturas de vontade sobre uma base de auto-compreensão real e apreciação mútua genuína. 39:3.4
Intelectual, social e espiritualmente, duas criaturas morais não dobram seus potenciais pessoais de realização universal mediante a técnica associativa mas sim, multiplicam quase por quatro suas possibilidades de realização e cumprimento. 43:8.11
De todas as formas da maldade, nenhuma destrói mais a condição de personalidade que a traição a um encargo e a deslealdade aos amigos de confiança. Ao cometer este pecado deliberado, Caligastia deformou tão completamente sua personalidade que sua mente desde então nunca mais pôde recuperar totalmente o equilíbrio. 67:1.3
O crescimento espiritual é mutuamente estimulado pela íntima parceria com outros religionários. 100:0.2
A felicidade e o regozijo originam-se na vida interior. Não podes experimentar o verdadeiro regozijo completamente só. Uma vida solitária é fatal para a felicidade. Mesmo as famílias e as nações desfrutarão mais da vida se a compartilharem com os outros. 111:4.7
A pessoa não pode desempenhar-se muito bem em isolamento. O homem é naturalmente uma criatura social; a ânsia de pertencer o domina. É literalmente verdade que "nenhum homem vive para si". 112:1.16
Às vezes, Tomé obtinha permissão de André para ausentar-se apenas por um ou dois dias. Mas pronto se deu conta de que este método não era prudente; logo descobriu que era melhor, quando estava deprimido, aferrar-se ao seu trabalho e ficar junto aos seus companheiros. 139:8.11
Muitos dos nobres impulsos humanos perecem porque não há nada ninguém que os ouça se exprimirem. Deveras, não é bom para o homem estar só. Certo grau de aprovação e certa quantia de apreciação são essenciais para o desenvolvimento do caráter humano. Sem o amor genuíno de um lar nenhuma criança pode alcançar o pleno desenvolvimento de um caráter normal. O caráter é algo mais que mente e sentimento moral. De todas as relações sociais calculadas para desenvolver o caráter, a mais eficaz e ideal é a amizade afetuosa e compreensiva do homem e da mulher no mútuo abraço do matrimônio inteligente. 160:2.6
Todo ser humano, cedo ou tarde, adquire certo conceito deste mundo e certa visão do próximo. Bem agora, através da parceria das pessoas, é possível unificar estes conceitos de existência temporal e perspectivas eternas. Deste modo, a mente de um aumenta seus valores espirituais porque ganha muito do entendimento do outro. Assim, os homens enriquecem sua alma contribuindo com suas respectivas possessões espirituais. Desta maneira, consegue também escapar da tendência sempre presente de cair vítima de uma visão distorcida, um ponto de vista prejudicado e uma estreiteza de juízo. O temor, a inveja e vaidade podem ser prevenidos apenas pelo contato íntimo com outras mentes. 160:2.7
O isolamento tende a esgotar a carga de energia da alma. A parceria com os semelhantes é essencial para manter o entusiasmo pela vida e indispensável para manter a coragem necessária às batalhas inerentes à ascensão aos mais altos níveis do viver humano. A amizade intensifica o gozo e glorifica os triunfos da vida. As relações humanas, amorosas e íntimas, tendem a libertar o sofrimento de seu peso e a dificuldade de muito de sua amargura. A presença de um amigo aumenta toda a beleza e exalta toda a bondade. 160:2.8
A parceria das pessoas e o afeto mútuo é um seguro eficiente contra o mal. As dificuldades, a tristeza, o desencanto e a derrota são mais dolorosos e desalentadores quando sofridos a sós. A parceria não transforma o mal em retitude porém contribui muito para abrandar o golpe. Disse vosso Mestre: "Bem aventurados os que choram" se há um amigo próximo que os console. Há uma força positiva no conhecimento de que vives para o bem-estar dos outros e que estes outros, do mesmo modo, vivem para teu bem-estar e avanço. No isolamento, o homem enlanguesce. 160:2.9
Judas já não está convosco porque seu amor se esfriou e porque se negou a confiar em vós, seus leais irmãos. Acaso não lestes nas escrituras, onde está escrito: "Não é bom para o homem estar só. Nenhum homem vive para si mesmo". E também ali onde diz: "O que quer ter amigos deve mostrar-se amigo". E acaso não vos enviei a ensinar de dois em dois, para que não estivésseis sós e para que não caísseis no dano e nas desventuras do isolamento? Igualmente sabeis bem que, quando vivia na carne, não me permiti estar a sós por longos períodos. Desde o começo de nossa parceria sempre tive dois ou três de vós constantemente ao meu lado ou muito próximo de mim, até quando comungava com o Pai. Confiai, pois, uns nos outros." 193:3.2
Passo 17: Servindo aos outros
Trabalhamos juntos com maior entusiasmo e iniciativa para servir aos nossos semelhantes de forma duradoura, reconhecendo que deste modo servimos e honramos ao nosso Pai no céu.
A fé é o alicerce de nossa vida espiritual, mas servir aos outros é sua expressão. Por meio da direção de Deus, todos os dias pode-se abrir corações, inspirar mentes e deixar os outros melhores mediante nossa presença.
Viver na paz de Deus não nos paralisa para as responsabilidades diárias ou nos torna indiferentes para com a necessidade e o sofrimento. Dói em nós o pardal ferido ao derrear-se sobre o jardim, cada batida de asas uma agonia. Sentimos o vento batendo contra a pele áspera do pescador e ouvimos a neve calcada a cada passo pelas botas do soldado, tingidas de sangue. Nossa pele descasca com a lepra, e nosso coração padece com os campos do agricultor, à medida que seu trigo definha por causa dos ventos e da seca. Não nos desanimamos por podermos ajudar tão pouco a esses irmãos e irmãs mas por enxergarmos suas necessidades como parte de uma paisagem ilimitada de significado eterno na qual Deus, que conhece a todos é, no fim, responsável por todos. Não tomamos sobre nós o fardo da luta da humanidade pois não podemos, mas sabemos que existe Alguém cujo poder e sabedoria são suficientes para qualquer problema e por cuja graça somos salvos. Não sermos responsáveis pelo bem-estar alheio não nos conduz à indiferença ou à resignação por sua situação mas, antes, liberta nossa mente da preocupação fútil e trabalhamos com mais afinco, sustentados pela fé no Deus dos mares encapelados e das circunstâncias, que permite que mesmo almas como a nossa trabalhem para construir seu reino.
Por quem deveríamos viver, se não for pelos outros? O propósito da vida não é um outro diferente de enterrar excessivos tesouros para dissipá-los no desperdício? Somente o que fazemos pelos outros perdura; o resto é pó e cinzas, templos para serem pilhados pelos saqueadores ou enterrados na areia do deserto. Com que propósito construímos uma ponte, se ninguém a cruzará? Nossas únicas posses duradouras, nossos tesouros no céu, são as coisas que fazemos para os outros.
Àqueles sem muita corda para puxar, páginas para virar ou falas para dizer, o palco da vida é sem propósito. Sem nunca termos uma parte, fartamo-nos como expectadores pois o ato de nos darmos é o que nos completa. É chegado o tempo de trabalharmos: não devemos mais nos sentarmos imaginando quando seremos chamados pois o Pai falará a cada um de nós e dirá como podemos servir melhor em seu reino. Bilhões na terra enlanguescem na angústia do tédio, esperando por alguém que satisfaça seu descontentamento, que remedeie suas feridas e que seja um irmão. As necessidades dos feridos tocam aos de coração sensível, aos que respondem ao seu choro com a ajuda sábia e duradoura, a qual lhes dá forças para se reerguerem e ajudarem a si mesmos e tal serviço suporta animar milhares através de seus murmúrios esparsos.
Somente podemos servir verdadeiramente por amor, pois sem amor nossos gestos são vazios, trapos de lã postos de lado pela correnteza. Para encontrar nosso serviço devemos pedir ao Pai para nos mostrar parte de seu plano pois ele designou cada um de nós para preencher um trabalho específico, que ele pode revelar pelo profundo chamado de uma intuição ou talvez no desdobrar das oportunidades. Até que se abra, a porta para o nosso serviço pode se parecer com muitas outras, mas a mão do Pai nos guiará àquela que podemos tornar nossa, àquela que pode se tornar nosso destino.
Servir é a expressão da fé e a fé é o estímulo para servir. Quanto maior nossa fé, maior nosso desejo de conduzir esse serviço de maneira eficiente e duradoura.
Referências do Livro de Urantia:
Uma das lições mais importantes que deveis aprender durante vossa caminhada mortal consiste em trabalhar em equipe.... No universo, poucos são os deveres para o servidor solitário. Quanto mais alto ascendeis, mais solitários estareis ao vos encontrardes temporariamente sem a parceria de vossos semelhantes. 28:5.14
O serviço - o serviço com propósito, não a escravidão - produz a mais elevada satisfação e é a expressão da mais divina grandeza. O serviço - mais serviço, serviço aumentado, serviço difícil, serviço ditoso e, por fim, serviço divino e perfeito - é a meta do tempo e o destino do espaço. Porém, os ciclos de recreação do tempo sempre se alternam com os ciclos de serviço de progresso. 28:6.17
Os elementos morais não são desconsiderados quando se aplicam as provas espirituais de grandeza dos elementos morais mas a qualidade de altruísmo revelada no trabalho desinteressado para o bem-estar dos semelhantes terrenos, particularmente aos seres merecedores em necessidade e em dor, essa sim é a verdadeira medida da grandeza planetária. 28:6.20
Aprenderás que aumentas teus fardos e diminuis a probabilidade de triunfo se levares a ti mesmo muito a sério. Nada pode ter precedência sobre a tarefa da esfera de tua condição - deste mundo ou do seguinte. A tarefa de preparação para a próxima esfera é muito importante, mas nada se iguala à importância da tarefa do mundo em que estás vivendo atualmente. E ainda que a tarefa seja importante, o eu não o é. Quando te sentes importante, perdes energia através do desgaste da grandeza do ego de maneira que sobra pouca energia para realizar a tarefa. A auto-importância no lugar da importância da tarefa esgota as criaturas imaturas; é o elemento do ego o que esgota e não o esforço da realização. Podes realizar um trabalho importante se não te fazes auto-importante; poderás cumprir várias tarefas tão facilmente como uma só se prescindes de teu ego. 48:6.26
E quando um ser humano encontra a Deus, experimenta na alma uma indescritível inquietude pelo triunfo do descobrimento, no que se vê impelido a buscar o serviço do contato amoroso com seus semelhantes menos iluminados, não para revelar que encontrou a Deus mas, melhor, para permitir que transborde a eterna bondade que está dentro de sua própria alma, para revigorar e enobrecer seus semelhantes. A verdadeira religião conduz a um maior serviço social. 102:3.4
"Recorda sempre que Deus não recompensa o homem pelo que faz, mas sim pelo que é; portanto, socorre aos teus semelhantes sem pensar em recompensas. Fazei o bem sem pensar em beneficiar a si mesmo." 131:8.5
Quando Jesus ouviu isto, disse: "Estais, pois, dispostos a dedicar-vos às vossas responsabilidades e a seguir-me. Fazei o bem em segredo; quando derdes esmolas, que não saiba vossa mão esquerda o que faz vossa direita." 140:6.11
O Mestre percebia plenamente que apareceriam no mundo certos resultados sociais como conseqüência da disseminação do evangelho do reino; mas era sua intenção que todas estas desejáveis manifestações sociais aparecessem como crescimentos inconscientes e inevitáveis, ou frutos naturais da experiência pessoal interior dos indivíduos crentes, da comunidade genuinamente espiritual e da comunhão do espírito divino que reside e impulsiona a todos os crentes. 170:5.12
"Ao que tem, mais será dado e terá em abundância; mas ao que não tem, ainda o pouco que tem lhe será tirado. Não podeis ficar parados nos assuntos do reino eterno. Meu Pai requer que todos os seus filhos cresçam na graça e no conhecimento da verdade. Vós, que conheceis estas verdades, deveis produzir cada vez mais os frutos do espírito e manifestar uma devoção crescente ao serviço altruísta de vossos co-servidores. E recorda que mesmo quando ministrais ao mais humilde de meus irmãos, prestais esse serviço a mim." 176:3.5
Jesus ensinou que o serviço ao próximo é o mais elevado conceito de irmandade dos crentes espirituais. Aqueles que acreditam na paternidade de Deus deveriam ter como certa a salvação. A maior preocupação do crente não deve ser o desejo egoísta da salvação pessoal mas, antes, o impulso altruísta ao amor e, portanto, o serviço ao próximo assim como Jesus amou e serviu aos homens mortais. 188:4.9
Ganhar almas para o Mestre não é a primeira milha de compulsão, dever ou convenção que transformará ao homem e a este mundo mas, antes, é a segunda milha de serviço voluntário e de livre devoção amorosa, a que dá a conhecer os Jesusonianos, ao buscarem atrair seu irmão com amor e guiá-lo espiritualmente em direção ao mais elevado e divino fim da existência mortal. O cristianismo, voluntariamente, ainda agora percorre a primeira milha mas a humanidade enlanguesce e tropeça nas trevas morais porque há bem poucos caminheiros da segunda-milha — bem poucos seguidores professos de Jesus, que realmente vivem e amam assim como ele ensinou seus discípulos a viver, a amar e a servir.
O chamado à aventura de construir uma sociedade humana nova e transformada por meio do renascimento espiritual da irmandade Jesusoniana do reino deveria comover a todos os que crêem nele, como não se emocionavam os homens desde o dia em que caminharam pela terra como seus companheiros na carne. 195:10.5-6
Passo 18: Compartilhando nossa experiência espiritual
Com a maior boa vontade aceitamos nossa obrigação e privilégio de ajudar a partilhar as boas novas e nos esforçamos para levar este conhecimento do amor de Deus aos nossos semelhantes.
Agora que sabemos quem somos, precisamos auxiliar outros a saberem o mesmo. Nós sabemos viver num promontório de graça sobre um mar agitado de onde podemos socorrer os que naufragaram e os que dormem. Porém, orientações aos berros não são suficientes: eles poucas vezes aceitarão uma corda arremessada pois os que se afogam resistem ao resgate das águas familiares. Primeiro precisamos lhes dizer de seu valor para o Pai pois muitos não carecem de uma visão de Deus mas sim de si próprios, como amados filhos e filhas dele.
Aqueles que resistem deitaram pedras bem assentadas através dos caminhos para sua alma, não deixando passar a água da vida como a calçada o faz com a chuva. A alma desejosa sente na parte inferior mas está desligada da vida acima. Batidas, as pedras só fazem assentar com mais firmeza mas alguém com paciência para observar pode freqüentemente encontrar algum remendo com folga, através do qual o espírito pode canalizar vida à alma ressequida que se encontra abaixo. O amor do Pai chove do alto e, exceto pelo débil acesso aos desertos da alma, Deus se revela diretamente e estimula à aventura eterna um filho ou filha renascidos.
Não é possível barrar completamente o espírito de Deus, cujo brilho radiante aquece o mais gélido muro. Nem a dor ou o ódio podem anular por inteiro a ação do espírito que mora em nós pois sua corrente poderosa move-se em níveis muito mais profundos que a superfície emocional, que ocupa nossa atenção diária. Mas como ajudarmos os que apenas sabem viver como sempre têm vivido, inconscientes do propósito de Deus? Que chave abre os portões da casa, que levam à morada de seu destino? Podemos ser mestres escultores e fazer sair o vulto obscuro, preso nos galhos retorcidos? Sem saber como flui a seiva que forma seu tronco torcido, podemos libertar cada gesto ou redemoinho de cabelo, quando entalhamos no lusco-fusco e nossa lâmina está sem fio? Quem guiará nossas mãos para que não venhamos a esculpir onde a madeira deve permanecer? Bem no íntimo, uma voz conhece o tempo e a ocasião na disposição de espírito de nossos irmãos, quando falar e quando calar. Nosso espírito fala com o dele e se compartilharmos com amor, seus olhos fatigados podem dar a conhecer aquele local do qual falamos num eco de lembrança.
A linguagem de nosso compartilhar é menor em palavras que em nossa caminhada diária com Deus. O amor é visto de modo mais claro nas ações caladas da vida do dia-a-dia, provando que a língua apenas fala. Palavras sozinhas não convencem pois demonstramos nosso amor naquilo que fazemos; afeições genuínas tornam-se mais fortes pela maneira como vivemos.
O tempo dirá quando podemos partilhar com nosso irmão o que temos aprendido. Nossa tempo terrestre é curto e se acaba rapidamente; por esta razão devemos agir enquanto podemos pois cada dia é um a menos que nos resta. Não podemos falar com cada irmão que passa por nós mas, quando o espírito interior nos conduz não devemos hesitar. Então Deus pode cuidar da delicada centelha de interesse passageiro dentro de uma labareda fatal para a vida do eu, abrindo o panorama dos mundos celestes.
Pai nosso, nós te agradecemos por podermos ter parte em teu trabalho e por passar adiante o que tu nos tem dado. Não sabemos mais que um pouquinho de ti, Pai celeste, mas sabemos que és o primeiro em amor e que todas as coisas boas são feitas pelo teu espírito. Sabemos que amas a todos os teus filhos e anelamos comungar com cada um deles como fazes conosco. Guia-nos para ajudarmos a trazer teu reino aqui à terra. Conduza-nos a servir nossos irmãos de maneira efetiva e duradoura, para que não falhemos contigo. Abra os caminhos do espírito, para que o que dissermos seja honesto, amoroso e útil. Nós te amamos, Pai de retitude. Esteja conosco ao te compartilharmos com aqueles que te conhecem menos.
Referências do Livro de Urantia:
O desenvolvimento espiritual depende, em primeiro lugar, da manutenção de uma conexão espiritual viva com as verdadeiras forças espirituais e, segundo, da contínua produção de fruto espiritual : prodigalizar aos semelhantes o que se tem recebido dos benfeitores espirituais. 100:2.1
"Permiti que vos declare enfaticamente esta verdade eterna : se, mediante a coordenação da verdade, aprenderdes a exemplificar em vossas vidas esta formosa integridade de retitude, vossos semelhantes então vos seguirão para ganhar o que assim haveis adquirido. A medida que atraís os que buscam a verdade representa a medida de vossa dotação da verdade, de vossa retitude. O esforço que tendes que fazer para chegar ao povo com vossa mensagem é, de certo modo, a medida de vossa deficiência em viver uma vida plena ou reta, a vida coordenada na verdade." 155:1.5
"Estais temerosos, buscais a comodidade, a facilidade? Tendes medo de confiar vosso futuro nas mãos do Deus da verdade, cujos filhos sois vós? Acaso não confiais no Pai, cujos filhos sois vós? Voltareis ao caminho fácil da segurança e da quietude intelectual da religião de autoridade tradicional ou vos preparareis para avançar comigo no futuro incerto e atribulado de proclamar as novas verdades da religião do espírito, o reino do céu no coração dos homens?" 155:5.13
"O que quiser me seguir, que olvide a si mesmo, que assuma seus encargos diários, e siga-me. Porque o que quiser salvar sua vida de modo egoísta, perdê-la-á, porém o que perder a vida por minha causa e pelo evangelho, salva-la-á. De que serve ao homem ganhar o mundo inteiro e perder sua alma? Que daria um homem em troca da vida eterna? Não vos envergonheis de minhas palavras nesta geração pecaminosa e hipócrita, assim como não me envergonharei de vos reconhecer quando aparecer em glória ante meu Pai, na presença de todas as hostes celestiais." 158:7.5
Recordai de que estais encarregados de pregar este evangelho do reino — o supremo desejo de fazer a vontade do Pai combinado com a suprema felicidade da compreensão, mediante a fé, da filiação de Deus — e não deveis permitir que nada vos desvie da vossa devoção a este único dever. Que a humanidade toda se beneficie com o transbordar de vosso ministério espiritual amoroso, com vossa comunhão intelectual esclarecedora, com vosso serviço social edificante; porém, nenhum destes trabalhos humanitários, nem todos estes, devem tomar o lugar da proclamação do evangelho. Estes vigorosos ministérios são os efeitos sociais secundários de ministérios ainda mais vigorosos e sublimes e de transformações forjadas no coração do crente do reino pelo Espírito vivo da Verdade e pela compreensão pessoal do fato de que a fé de um homem nascido do espírito confere a certeza de uma irmandade viva com o Deus eterno. 178:1.11
Não deveis ser místicos passivos e nem ascetas pálidos; não deveis vos tornar sonhadores nem vagabundos, confiando inertes numa providência fictícia para que ela proveja suas necessidades. Na verdade, deveis ser ternos em vosso trato com os que mortais que erram, pacientes em vossas relações com os ignorantes, serenos quando provocados; mas também deveis ser valentes na defesa da retitude, vigorosos na promulgação da verdade e enérgicos na pregação deste evangelho do reino, mesmo aos confins da terra. 178:1.14
Não olvideis de que estais encarregados de sair a pregar somente a boa nova. Não deveis atacar os velhos costumes; deveis habilmente mesclar a levedura da nova verdade na massa das antigas crenças. Deixai que o Espírito da Verdade realize sua obra. Permiti que se produza a controvérsia somente quando os que desprezam a verdade vos forcem a isto. Mas quando o descrente obstinado vos atacar, não titubeeis em defender vigorosamente a verdade que vos têm salvo e santificado. 178:1.16
"Ide, pois, por todo o mundo proclamando o evangelho da paternidade de Deus e da irmandade dos homens à todas as nações e raças, e sede sábios na vossa escolha dos métodos para apresentar a boa nova às diferentes tribos e raças da humanidade. Tendes recebido de graça este evangelho do reino e de graça dareis a boa nova a todas as nações. Não temais a resistência do mal porque estou sempre convosco, até o fim dos tempos. Eu vos deixo a minha paz." 191:4.4
A Felipe ele disse: "Obedeces-me? Felipe respondeu: "Sim, Senhor, te obedecerei ainda com minha vida". Então disse Jesus: "Se quiseres me obedecer, vá pois às terras dos gentios e proclama este evangelho. Os profetas têm dito que obedecer é melhor que sacrificar. Pela fé te tornaste um filho do reino, que conhece a Deus. Existe tão só uma lei a obedecer: é o mandamento de sair a proclamar o evangelho do reino. Deixa de temer aos homens; não temas pregar a boa nova da vida eterna a teus semelhantes que enlanguescem nas trevas e têm fome da luz da verdade." 192:2.11
Passo 19: Amando uns aos outros
Cada vez mais estimamos os outros como filhos e filhas amados por Deus e nos esforçamos para amar cada um deles assim como faz nosso Pai no céu.
Nosso coração anela por amar nossos semelhantes e esse anseio não pode ser satisfeito pois a alma do homem tem fome, foi feita para amar e não se satisfaz com menos. Os caminhos do amor muitas vezes se embaraçam e às vezes falham mas o impulso é irreprimível, incessante mesmo pelo mais vergonhoso ódio ou a mais cruel circunstância. Inexplicável, despreocupado com o lugar, a posição, a condição ou o mérito, o amor olha além, existindo num estado de vir a ser.
Como amar é a pergunta desta época, o Graal procurado pelos profetas: como amar da maneira que os pais amam seus filhos, como amar aos outros da maneira como o Pai nos ama. Como começamos a amar e como podemos fazer o amor durar? Ele começa em mistério, de um local desconhecido dentro de nós e por razões desconhecidas. Não compreendemos porque amamos, mas apenas que amamos, pois o éter do amor resiste à análise por si mesmo ou pelos outros. O amor verdadeiro não calcula custo, esforço ou recompensa mas simplesmente existe num espírito de bondade desarmada. Como podemos reter esse espírito num mundo maior, próximo aos que não são amorosos, aos rudes, aos cruéis e aos descrentes? Podemos contemplar nossos irmãos e irmãs através dos olhos de nosso Pai e ver o que ele vê, sem julgar?
Somos conhecidos pelo quê e por quem amamos. Alguns amam casas e posses, alguns amam as aparências e alguns amam até mesmo a fraude como meio de vida, deleitando-se em provar que são mais espertos que os crédulos. Alguns o dinheiro, o poder ou a fama; outros amam coisas mais humildes e é para eles que nosso Mestre prometeu o reino. Nosso amor deixa um caminho atrás de nós, esteiras no céu ou rastos barrentos pelo chão.
O traje do amor é feito com os panos do Pai. Tiramos o material do amor de seu depósito e o modelamos para vestir o desnudo. Agir como se amássemos acende o mesmo amor pois quanto mais amorosos formos para com os outros mais o amor reflete-se de volta, amplificado pela mútua experiência, criando no objeto desse amor a compulsão de corresponder.
Os universos nasceram do amor, não só pela centelha. O amor é o impulso íntimo de vida e, quando amamos, essa força vigorosa ressoa com o poder universal do alto, prometendo vida nova e um eu renovado. Enxergamos através de sua luz. A nuvem do desconhecido se parte e raios dourados banham ao que dá e ao que recebe o amor conforme Deus se revela e encontra expressão. A ausência de amor é a indiferença ou o ódio e, à parte do amor, todos os relacionamentos não têm sentido, são fúteis e ilusórios. Mas no amor do Pai estamos completos, nossas forças são restauradas, brejos antigos são drenados, mortalhas são levantadas e percebemos o coração de Deus no momento da criação.
Aqueles que duvidam do poder do amor não conhecem o regozijo da vida. Os que colocam as coisas acima do amor estão prisioneiros da ilusão pois nenhuma posse ou posição vale a perda do amor que perdura quando montões de coisas juntam ferrugem ou vão para os outros. O amor dura mais que as coisas e é mais doce. O amor recolhe com arrastão o bem na experiência, suportando-nos quando tudo mais falha. O amor acalma frontes febris e sustenta a mão do carrasco. O amor sozinho faz nossa vida valer a pena e Deus mais real, e não rezadores solitários enclausurados entre paredes. O amor constrói a ponte sobre a brecha que existe entre o que somos e o que podemos vir a ser; ele nos dá tudo o que temos e tudo o que somos e sem ele somos vazios, encarcerados na prisão dos que devem ao negativismo e ao desespero.
Referências do Livro de Urantia:
Estes níveis elevados da vida humana são alcançados no supremo amor de Deus e no amor altruísta do homem. Se amas teus semelhantes, dever ter descoberto seus valores. Jesus amava tanto os homens porque lhes atribuía um alto valor. Podes melhor descobrir os valores de teus companheiros descobrindo suas motivações. Se alguém te irrita, se produz sentimento de ressentimento deves, com simpatia, buscar discernir de seu ponto de vista, suas razões para uma conduta tão censurável. Uma vez que compreendas ao teu próximo, te tornarás tolerante e esta tolerância crescerá em amizade e amadurecerá em amor. 100:4.4
Se puderes tão só aprofundar os motivos de teus companheiros, tanto mais poderás compreendê-los. Se apenas pudesses conhecer a teus semelhantes, ao final te enamorarias deles.
Não podes realmente amar teus semelhantes por um simples ato de tua vontade. O amor nasce apenas da completa compreensão das motivações e sentimentos de teus semelhantes. Não é tão importante amar todos os homens hoje como o é que a cada dia aprendas a amar mais um ser humano. Se a cada dia ou a cada semana conseguires compreender um a mais entre teus semelhantes, e se este é o limite da tua capacidade, certamente estás então sociabilizando e, de modo verdadeiro, espiritualizando tua personalidade. O amor é contagioso e quando a devoção humana é inteligente e sábia, o amor é mais contagioso que o ódio. Mas somente o amor genuíno e altruísta é verdadeiramente contagioso. Se cada mortal pudesse se tornar tão só um foco de afeição dinâmica, este vírus benigno do amor logo impregnaria a corrente sentimental de emoção da humanidade até o ponto em que toda a civilização estaria rodeada de amor e essa seria a realização da irmandade do homem. 100:4.5-6
No verdadeiro sentido da palavra, o amor conota respeito mútuo de personalidades inteiras, sejam estas humanas ou divinas ou humanas e divinas....Tudo o que for não espiritual na experiência humana, exceto a personalidade, é um meio para um fim. Todo relacionamento verdadeiro do homem mortal com outras pessoas — humanas ou divinas — é um fim em si mesmo. 112:2.3-4
Jesus amava naturalmente sua gente; amava sua família, e este afeto natural havia aumentado tremendamente por sua extraordinária devoção a eles. Quanto mais nos doamos aos nossos semelhantes, tanto mais chegamos a amá-los; posto que Jesus havia se dado tão plenamente à sua família, amava-a com um afeto grande e ardente. 129:0.2
Os discípulos logo aprenderam que o Mestre tinha um profundo respeito e uma consideração solidária por todo ser humano com quem se encontrava e muito lhes comovia esta consideração invariável e constante com que ele tão sistematicamente brindava toda classe de homens, mulheres e crianças. Às vezes, interrompia-se no meio de um profundo discurso para sair ao caminho e oferecer palavras de bom ânimo à uma mulher que passava, sobrecarregada pelo fardo de seu corpo e de sua alma. Interrompia uma conversação intensa com seus apóstolos para fraternizar com uma criança intrusa. Para Jesus, não havia nada mais importante que o indivíduo humano que por acaso estivesse em sua presença imediata. 138:8.9
Do Sermão da montanha até o discurso da Última ceia, Jesus ensinou aos seus seguidores a manifestar amor paterno em vez de amor fraterno. O amor fraterno significa amar ao próximo como a si mesmo e isto seria o cumprimento adequado da "regra de ouro". Porém, o afeto paterno requer que ames a teus semelhantes como Jesus te ama. 140:5.1
"Vós bem conheceis o mandamento que diz que ameis uns aos outros; que ames ao teu próximo como amas a ti mesmo. Mas não estou plenamente satisfeito com essa devoção sincera por parte de meus filhos. Quero que realizeis atos de amor ainda maiores no reino da irmandade crente. Assim, pois, vos dou este novo mandamento : Que vos ameis uns aos outros assim como eu vos tenho amado. Assim todos os homens saberão que sois meus discípulos, se vos amardes dessa maneira." 180:1.1
No reino da irmandade crente, dos que conhecem a Deus e amam a verdade, esta regra de ouro adquire qualidades vivas de compreensão espiritual nos mais altos níveis de interpretação, que fazem com que os filhos mortais de Deus considerem esta determinação do Mestre como instar com eles para que se relacionem com seus semelhantes de uma maneira que permita o mais elevado bem possível como resultado do contato dos crentes com seus semelhantes. Esta é a essência da verdadeira religião: amar ao vosso próximo como a vós mesmos. 180:5.7
Passo 20: Amando a Jesus
Chegamos a conhecer e a amar a Jesus e a amizade com ele dá entusiasmo e propósito à nossa vida.
Dizem que dois mil anos atrás nasceu uma criança, anunciada pelos anjos a humildes judeus, e que fez seu lar em Nazaré. Dizem que seu pai morreu enquanto ele ainda era jovem e que com suas mãos trabalhou para sustentar a família de seu pai junto às colinas e praias da Galiléia. Então, viajou por um tempo, aprendendo sobre o mundo romano enquanto partilhava o amor de Deus, espalhando bom ânimo a centenas em seu caminho. Dizem que ele foi provado em todos os modos da vida e que em companheirismo com Deus superou as tentações da vida, as dificuldades e as crises, com fé e devoção imperturbável. Sem resguardo das agonias da vida, foi fiel à visão maior do propósito de Deus que ele conhecia antes que os mundos tivessem origem.
Quando chegou seu tempo, dizem que escolheu apóstolos que deixaram o lar e a família para compartilharem de sua vida, para andar pelas estradas poeirentas da Palestina chamando sua gente para servir a Deus. Dizem que quando olhava um homem, via dentro dessa mesma alma, e aquela pessoa concebia que ele percebia o coração de Deus. Dizem que ele era um homem entre homens; que simples pescadores da Galiléia o chamavam de Mestre. Dizem que curava os doentes, fazia os cegos verem, perdoava os pecados e ressuscitava os mortos; que oferecia a abundante fonte da água viva, a força para os fracos, conforto aos de coração partido, alento aos deprimidos, entendimento aos de menor inteligência, algo a todos os que sabiam que eram necessitados. Ele focalizava os raios de cura do amor de Deus em cada lugar secreto no coração dos homens e recobrava a saúde daqueles cuja vida se espedaçara. Dizem que o povo comum o ouvia alegremente e anelava por sua presença - amigos baixaram um paralítico por um telhado para que estivesse próximo a ele, e uma prostituta lavou seus pés com as próprias lágrimas.
Ele dizia que não havia ninguém bom senão Deus e dizia àqueles que curava que sua fé os havia curado. Ensinava a simples amizade com Deus e a servir aos homens, e sobre o reino celeste, a retitude, a paz de Deus e a vida eterna. Os altos sacerdotes viam claro os perigos em seus ensinamentos para olvidar a si mesmo, que o homem poderia se relacionar diretamente com Deus no céu; assim sendo, para que seriam necessários os sacerdotes e seus rituais? Fracassando em silenciar sua voz destemida, forçaram o débil governador romano a assassinar alguém que, tendo salvo os outros, recusou-se a salvar a si mesmo.
Dizem que, ao terceiro dia, a grande roda de pedra que bloqueava seu sepulcro se abriu e ele ressuscitou, e que por quarenta dias apareceu àqueles que partilhavam de seu amor. No Pentecostes, dizem que subiu ao céu mas enviou seu espírito para estar com aqueles que amavam a verdade; o espírito encheu suas almas com a força e renovou todas as coisas. Seus seguidores não se intimidaram e espalharam a história de sua vida através do mundo romano, honrados por morrer por aquele a quem chamavam de Cristo.
Este homem, sobre quem foram escritos mais livros que sobre qualquer outro, existia antes que os mundos tivessem origem na majestade inimaginável, e veio à terra para revelar o amor de seu Pai. Sua vida se tornou o mistério do homem em Deus e de Deus no homem, eternamente um. Uma vez que verdadeiramente o conheçamos, nossa vida se modifica, pois nele repousa o que podemos ser se assim desejarmos, porém vivendo uma vida de fé. Segredo de nossa vida espiritual, ele é o esteio de nossa fé, personificando tudo o que podemos entender sobre Deus. Além dele, tudo o que pensamos saber é mera abstração. Somos ramos de sua videira verdadeira e nada realizamos à parte dele. Ele sabe os rumos que podemos tomar e o porquê. Ele nos dá sua própria vida, entrando em nossa mente para torná-la mais pura e mais forte.
Ajuda-nos a amá-lo, bom Senhor. Ajuda-nos a entender tuas palavras de bondade e vida. Vive uma vez mais em nós, pois sabemos que todas as boas coisas vêm através de ti e que sem ti não temos forças. Quando nossa vida estiver complicada e não tivermos nenhuma idéia pelo que suplicarmos, traduze os desejos sinceros de nosso coração e traze a tua paz e sabedoria à nossa mente confusa. Dependemos de ti para fazer nossa vida valer a pena, na crença em teu nome. Arranca toda sombra de mal e de escuridão; fira-nos, se assim necessário for, para trazer-nos plenamente ao serviço de teu reino. Anelamos por tua companhia diária e por tua aprovação; anelamos por nos aquecer no brilho de teu sorriso. Prometeste preparar um lugar no alto para aqueles que amam fazer tua vontade; prepara um aqui também para que sua presença transborde em nossa vida e coração.
Referências do Livro de Urantia:
Para nosso universo e para todos os mundos habitados, para todos os fins e propósitos práticos, o Filho Soberano é Deus. 33:1.4
Ainda que o Espírito da Verdade seja derramado por toda a carne, este espírito do Filho está quase completamente limitado em atuação e poder pela recepção pessoal do homem daquilo que constitui a soma e a substância da missão do Filho, de auto-doação. 34:5.5
Mesmo em Urantia, estes serafins ensinam a verdade sempiterna: se tua própria mente não te serve bem, podes permutá-la pela de Jesus de Nazaré, que é quem sempre te serve bem. 48:6.15
Jesus foi a personalidade humana perfeitamente unificada. E hoje, como na Galiléia, continua unificando a experiência mortal e coordenando as empresas humanas. Unifica a vida, enobrece o caráter e simplifica a experiência. Entra na mente humana para elevar, transformar e transfigurar. É literalmente verdade: "Se um homem tem Jesus Cristo dentro de si, ele é uma criatura nova; as coisas velhas passam; eis que todas as coisas tornam-se novas." 100:7.18
Jesus foi e é o caminho novo e vivo pelo qual o homem pode alcançar a herança divina que o Pai tem decretado que será sua por nada além que pedir. 101:6.10
Jesus deixou claro que havia vindo para estabelecer relações pessoais e eternas com os homens, relações que eternamente teriam precedência sobre qualquer outro relacionamento humano. 141:7.5
Ele exercia uma influência poderosa e peculiarmente fascinante sobre amigos e inimigos. As multidões o seguiam semanas inteiras tão só para escutar suas palavras misericordiosas e para contemplar sua vida singela. Homens e mulheres devotos amavam Jesus com um afeto quase sobre-humano, e quanto melhor o conheciam, mais o amavam. Isto é verdade até o dia de hoje; atualmente, e em todas as épocas futuras, quanto melhor o homem conhece a este Deus-homem, mais o ama e mais o segue. 149:2.14
Estes gentios não tinham medo de Jesus; ousaram aceitar sua mensagem. Através de todos os tempos, os homens não têm sido incapazes de compreender a Jesus; têm tido medo de fazê-lo. 156:2.4
Aprendeis de Deus através de Jesus, observando a divindade de sua vida, não por depender de seus ensinamentos. Da vida do Mestre cada um de vós pode assimilar esse conceito de Deus que representa a medida de vossa capacidade de perceber as realidades, a espiritual e a divina, e as verdades, a real e a eterna. O finito não pode jamais esperar compreender o Infinito, exceto enquanto o Infinito esteve focalizado na personalidade espaço-temporal da experiência finita da vida humana de Jesus de Nazaré.
Jesus bem sabia que Deus pode ser conhecido apenas pelas realidades da experiência; não se pode jamais compreendê-lo pelo mero ensinamento à mente. Jesus ensinou a seus apóstolos que, conquanto jamais pudessem compreender plenamente a Deus, com certeza poderiam conhecê-lo, igualmente haviam conhecido ao Filho do Homem. Podeis conhecer a Deus, não tanto por entender o que disse Jesus mas por conhecer o que foi Jesus. Jesus foi uma revelação de Deus. 169:4.3-4
Jesus é a lente espiritual, em semelhança humana, que torna visível à criatura material Aquele que é invisível. É vosso irmão maior que, na carne, faz com que conheçais um Ser de atributos infinitos a quem nem sequer as hostes celestiais podem presumir conhecer plenamente. 169:4.13
"Deveis permanecer em mim, e eu em vós. Se a rama separar-se da videira, ela morre. Como a rama não pode render fruto a menos que permaneça na videira, assim tampouco podeis vós render fruto de serviço amoroso, a menos que permaneçais em mim. Recorda : eu sou a videira verdadeira e vós sois as ramas vivas. O que vive em mim, e eu nele, renderá muito fruto do espírito e experimentará a felicidade suprema de produzir essa colheita espiritual. Se mantiverdes esta viva relação espiritual comigo, rendereis abundante fruto. Se permanecerdes em mim e se minhas palavras viverem em vós, podereis comungar livremente comigo, e então meu espírito vivo de tal maneira vos imbuirá que podereis pedir tudo quanto meu espírito deseja e fazer tudo isto com a certeza de que o Pai nos concederá nossa petição." 180:2.1
O cristianismo indubitavelmente rendeu um grande serviço a este mundo, mas o que mais se necessita agora é de Jesus. O mundo necessita ver Jesus vivendo novamente na terra, na experiência dos mortais nascidos do espírito que efetivamente revelem o Mestre a todos os homens. É infrutífero falar de um renascimento do cristianismo primitivo; deveis seguir adiante a partir de onde vos encontrais. A cultura moderna deve tornar-se espiritualmente batizada com uma nova revelação da vida de Jesus e iluminada com uma nova compreensão de seu evangelho de salvação eterna. E quando Jesus assim se elevar, atrairá todos os homens a ele. Os discípulos de Jesus deveriam ser mais que conquistadores; deveriam ser qual fontes transbordantes de inspiração e de um viver elevado para todos os homens. 195:10.1
"Seguir Jesus" significa compartilhar pessoalmente de sua fé religiosa e entrar no espírito da vida do Mestre de serviço altruísta ao homem. Uma das coisas mais importantes do viver humano é descobrir no que acreditava Jesus, quais eram seus ideais e lutar pela realização deste propósito excelso da vida. De todo o conhecimento humano, o que tem maior valor é o conhecer a vida religiosa de Jesus e como ele a viveu. 196:1.3
Passo 21: Amando a Deus
Crescemos em conhecimento, amor e adoração ao Pai celeste, a fonte do amor infinito que nos criou e nos sustenta.
A humanidade turba-se como o mar encapelado, deliciando-se em suas fraquezas; a terra geme sob invenções extravagantes, aflita pelo abuso. Fissuras abrem a boca para nos engolir, ladrões observam vorazmente nosso magro tesouro, e quando pensamos que nos aproximamos do fim da vida, trememos. Mas, Pai celeste, conheces nosso nome e todos os nossos rumos. Leva-nos em plenitude ao teu reino e dá-nos a paz que nosso coração almeja. Ajuda-nos a mergulhar nossa concha no oceano de teu amor, desaparecer em tua infinitude para que venhamos a emergir reconstruídos. Nós te amamos, Pai, e anelamos por te amar mais. És o começo e o fim; tu governas as idas e vindas de todas as coisas. Dá-nos tua paz, Pai celeste, para que possamos nos sentir seguros à medida que nos esforçamos para fazer a tua vontade no tumulto da vida. Ajuda-nos a te seguir nos tempos felizes como também nas rajadas da tempestade, pois sabemos que devemos fazê-lo. Ajuda-nos a te agradecer em júbilo e com convicção, e que não seja ela menor que quando apelamos a ti em desespero. Os desejos de nossa alma estão escondidos em ti; clareia nossa mente fraca e confusa. Venha em poder aos filhos que teu espírito busca! Os céus revelam seu poder soberano e teu espírito desce para inspirar a todos os que procuram.
Com os olhos do espírito percebemos a beleza no ordinário, manchas de ouro no lodo do rio. Vemos a excelência de teu plano e a sabedoria de teu apelo. Tua paz descansa sobre nós e estamos aprendendo tua vontade. Os vínculos que nos prendem ao passado se fundem; o sol nasce para aquecer o semblante da montanha. Aquilo que nos prendeu perdeu sua força e nos encontramos livres para viver o destino que dispuseste para nós. Não poderíamos escolher outro caminho, Pai querido, porque tens nos mostrado a verdade em toda sua beleza e em sua eterna bondade. Regozijamo-nos com as trivialidades sabendo que foram modeladas por tuas mãos; enxergamos além das desarmonias e das enfermidades os prados de repouso e satisfação. Vemos a ti nas sombras, atrás da porta, e sobre o vento viajamos com teu amor. Seguir-te-emos para sempre e além, até que a maldade e o pecado desmoronem no nada. Tu confortas nosso coração, partilhas de nossas alegrias e lutas conosco em cada esforço para avançar. Tu és o único Deus verdadeiro; conhece-nos bem e guarda-nos seguros.
Amar o Criador é o próprio começo da vida. Amando a Deus, chegamos a conhecê-lo e a nós mesmos como seus filhos e filhas. Adorar nosso Fazedor nos eleva das tribulações da terra às praias do Paraíso - em espírito, agora; em realidade, mais tarde. Adorando a Deus ligamos nosso coração faminto à infinita Fonte de todas as coisas, e nessa comunhão ambos encontramos satisfação.
Nosso Pai é afável e grandioso, infinitamente sábio, poderoso e onisciente. Ele vê atrás da cortina e conhece o fim desde o começo. O que vemos da vida é o mais simples prelúdio, um lampejo prévio de nosso caminho eterno que, à medida que as experiências se acumulam, do que parece aleatório preenche com precisão de matriz de cristal. O plano eterno de Deus compreende um lugar específico para cada um de nós, e encontramos nossa mais elevada utilidade e regozijo ao realizarmos os propósitos que foram estabelecidos para nós antes que o mundo tivesse origem. Na plenitude dos tempos, as testemunhas reunidas de todos os que sobrevivem a estas vidas iniciais nas esferas giratórias do espaço expressarão a Suprema totalidade do plano evolucionário de Deus.
Amamos a Deus não somente por causa de sua natureza, mas porque ele se importou o bastante para nos criar e nos sustentar. Ele responde às nossas súplicas, assiste-nos quando sofremos, e nos provê de mundos para vivermos após havermos esgotado nosso tempo na terra. Deus tranqüiliza nosso coração humano indeciso à medida que seu amor nutre nosso espírito. Ele nos abriga dos terrores da noite e nos anima quando nossos ombros pendem. Ele conhece nossos rumos e nosso nome e é o Pai perfeito. Seu plano divino nos provê em toda nossa necessidade no momento presente assim como em toda possível necessidade no futuro pois nele vivemos, nos movemos e temos nosso ser.
O Senhor da luzes é uma força móvel, uma chama divina que varre ante ele todos os que se encontram de joelhos inflexíveis, mas que eleva o manso e o humilde. Dormimos acalentados em seu amor e imbuídos com a força do alto vamos adiante para nos ocuparmos de seus benevolentes mandatos. Sua imagem inspira nossa mente conforme saboreamos o propósito de todo nosso esforço. Renascidos, de dia vemos a face de Deus em cada flor, e de noite descansamos no conhecimento de sua afeição. Quando, de modo terreno, tudo mais falha, seguimos seu caminho através das dunas sem vestígios no deserto. Sua residência está próxima e temos a chave. O nome do Eterno está escrito em nossos corações, levado ao alto por um pensamento e poderoso para salvar.
Ajuda-nos a ouvir tuas palavras e a seguir teu espírito, Pai nosso. Mostra-nos os mistérios da vida para que possamos sondar as profundezas do teu amor. Dá-nos mais de ti mesmo, e leva-nos em tua companhia quando o caminho estiver em trevas. Nós te adoramos além das barreiras do tempo e do espaço e em sua presença saboreamos o Paraíso enquanto ainda na terra. Nós te louvamos por nos salvar de tudo o que nos prendia ao passado. Tu és a fonte da vida e do riso, de todo o bem, beleza e verdade e nós te serviremos até o fim, e além dele.
Referências do Livro de Urantia:
Todos os mundos de luz reconhecem e adoram ao Pai Universal, ao fazedor eterno e sustentador infinito de toda a criação. Universo após universo, as criaturas dotadas de vontade empreendem a longa, longa jornada ao Paraíso no fascinante afã, a aventura eterna de chegar a Deus Pai. A meta transcendente dos filhos do tempo consiste em encontrar o Deus eterno, compreender sua natureza divina, reconhecer o Pai Universal. As criaturas que conhecem a Deus possuem uma única aspiração suprema, um único desejo ardente, e este é chegar a ser, em suas próprias esferas, como ele é em seu Paraíso, perfeito em personalidade, e em sua esfera universal, supremo em retidão. Do Pai Universal, que habita a eternidade surge um mandato supremo: "Sede pois perfeitos como eu sou perfeito". E os mensageiros do Paraíso levam esta exortação divina com amor e misericórdia, através dos tempos e dos universos, até mesmo à tão modestas criaturas de origem animal como as raças humanas de Urantia. 1:0.3
Nunca o Pai Universal impõe qualquer forma de reconhecimento arbitrário, de adoração cerimonial ou de servilismo às criaturas de vontade inteligente no universo. Os habitantes evolutivos dos mundos de tempo e de espaço, por si mesmos - em seus próprios corações - hão de reconhecê-lo, amá-lo e adorá-lo de forma voluntária. O Criador não deseja a submissão da livre vontade espiritual de suas criaturas materiais por coação ou imposição. A oferenda mais especial que o homem pode fazer à Deus consiste em dedicar, com todo afeto, sua vontade humana a fazer a vontade do Pai; de fato, a consagração da vontade das criaturas constitui o único presente de valor autêntico que o homem pode oferecer ao Pai do Paraíso. Pois em Deus vivemos, nos movemos e existimos; não há nada que o homem possa oferecer a não ser sua opção de acatar a vontade do Pai; e esta decisão tomada pelas criaturas de vontade inteligente dos universos constitui a realidade dessa adoração autêntica que tanto satisfaz a natureza amorosa do Pai Criador. 1:1.2
Não obstante Deus ser poder eterno, presença majestosa, ideal transcendente e espírito glorioso, ainda que seja tudo isto e infinitamente mais é, todavia, verdadeira e perpetuamente um Criador provido de personalidade perfeita, uma pessoa que se pode "conhecer e ser conhecida", que pode "amar e ser amada"; alguém que pode fazer-se amigo nosso ao passo que podeis ser conhecidos tal como outros seres humanos foram conhecidos como amigos de Deus. 1:5.8
Afinal, a maior evidência da bondade de Deus e a suprema razão para amá-lo é o dom do Pai que mora em vós: o Modelador, que com tanta paciência aguarda a hora em que ambos vos façais unos eternamente. Posto que não podeis encontrar a Deus por meio da investigação, se vos deixardes guiar pelo espírito interior, sereis infalivelmente levados, passo a passo, vida após vida, universo após universo e era após era até finalmente vos encontrardes na presença pessoal do Pai Universal do Paraíso. 2:5.5
Nosso Pai não está oculto nem se encontra recluso de forma arbitrária. Em seu domínio universal, ele mobilizou recursos de divina sabedoria num esforço interminável por revelar-se aos seus filhos. Há uma grandeza infinita e uma generosidade inexpressável relacionadas com a majestade de seu amor que o faz anelar a parceria com todos os seres criados capazes de compreendê-lo, amá-lo ou de se aproximar dele; e são, portanto, vossas próprias limitações inseparáveis de vossa personalidade finita e de vossa existência material que determinam o momento, o lugar e as circunstâncias em que podereis alcançar o objetivo da jornada de ascensão dos mortais e vos encontrar na presença do Pai, no centro de todas as coisas. 5:1.2
O Pai deseja que todas as suas criaturas estejam em comunhão pessoal com ele. Ele tem um lugar no Paraíso para receber todos aqueles cuja condição de sobrevivência e cuja natureza espiritual lhes possibilite tal realização. Portanto, determinai de uma vez por todas o seguinte em vossa filosofia : para cada um de vós e para cada um de nós, Deus é acessível, o Pai é alcançável, o caminho está aberto; as forças do amor divino e os meios e modos da administração divina estão entrelaçados num esforço conjunto para facilitar o avanço à qualquer inteligência digna, de qualquer universo, até a presença no Paraíso do Pai Universal. 5:1.8
A adoração verdadeira não comporta, absolutamente, nenhuma petição para si, nem qualquer outro elemento de interesse pessoal; simplesmente adoramos a Deus pelo que compreendemos que ele é. Ao adorar não se pede nem se espera nada para o que adora. Não adoramos ao Pai porque possamos receber algo de tal veneração; rendemo-lhe esta devoção e nos empenhamos em tal adoração por uma reação espontânea e natural, ao reconhecer a personalidade incomparável do Pai e devido à sua natureza amorosa e aos seus adoráveis atributos. 5:3.3
E todas estas coisas são parte do Pai Universal. O Pai é amor vivo, e esta vida do Pai reside em seus Filhos. E o espírito do Pai reside nos filhos de seus Filhos: os homens mortais. No fim de tudo, a idéia do Pai ainda é o mais elevado conceito de Deus. 196:3.32
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